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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Conheça o Livro dos Macabeus Abolido pelo Concílio de NICÉIA

Para adentrar-mos nesse belissímo relato veremos a biográfia deste Povo, deste modo, teremos uma idéia plena de se havia ou não um real motivo para que este livro tenha sido ábolido pelo Concílio de Nicéia:

Hasmoneus

Também chamados de macabeus (do hebraico מכבים ou מקבים, makabim, "martelos"), são os membros de uma família judaíca que liderou a revolta do domínio salicênico e fundou uma dinastia de reis da Judéia, entre 140 a.C. e 37 a.C..
Seu membro mais conhecido foi Judas Macabeu, assim apelidado devido à sua força e determinação.
Os hasmoneus durante anos lideraram o movimento que levou à independência da Judéia, e que reconsagrou o Templo de Jerusalém, que havia sido profanado pelos gregos. Após a independência,os hasmoneus deram origem à linhagem real que governou Israel até sua subjugação pelo domínio romano em 63. a.C.
Com a proibição em 167 a.C. da prática do judaísmo pelo decreto de Antíoco IV e com a introdução do culto do Zeus Olímpico no Templo de Jerusalém, muitos judeus que decidem resistir a esta assimilação acabam sendo perseguidos e mortos. Conforme diz o 1 Macabeus 1:56-64 :
"Quanto aos livros da Torá, os que lhes caíam nas mãos eram rasgados e lançados ao fogo. Onde quer que se encontrasse, em casa de alguém, um livro da Aliança ou se alguém se conformasse à Torá, o decreto real o condenava à morte. Na sua prepotência assim procediam, contra Israel, com todos aqueles que fossem descobertos, mês por mês, nas cidades. No dia vinte e cinco de cada mês ofereciam-se sacrifícios no altar levantado por sobre o altar dos holocaustos. Quanto às mulheres que haviam feito circuncidar seus filhos, eles, cumprindo o decreto, as executavam com os mesmo filhinhos pendurados a seus pescoços, e ainda com seus familiares e com aqueles que haviam operado a circuncisão. Apesar de tudo, muitos em Israel ficaram firmes e se mostraram irredutíveis em não comerem nada de impuro. Eles aceitaram antes morrer que contaminar-se com os alimentos e profanar a Aliança sagrada, como de fato morreram. Foi sobremaneira grande a ira que se abateu sobre Israel".

Entre os judeus que permanecem fiéis à Torá, está o sacerdote Matatias, chamado de Hasmoneu devido ao nome do patriarca de sua linhagem (Hasmon). Recusando-se a servir no templo profanado, Matatias se exila com sua família em sua propriedade em Modin. Matatias tem cinco filhos: João, Simão, Judas, Eleazar e Jônatas. Convocados para os sacríficios sacrílegos, Matatias acaba matando o emissário real e um sacerdote que se propõe a oficiar os sacríficios. Convoca então os judeus fiéis à Torá e foge com seus filhos para as montanhas, iniciando o movimento de resistência contra o domínio estrangeiro, destruindo altares, circuncidando meninos à força e recuperando a Torá das mãos dos gentios.

Biográfia de Matatias:

Matatias (מתתיהו Matitiyahu ou Matisyahu ben Yochanan HaCohen em Hebreu) foi um grande sacerdote do templo Judeu de quem é contada a história nos Livros dos Macabeus, e o pai de Judas Macabeu, o líder dos Macabeus. Em 170 aC, quando o governo Selêucida do rei Antioco IV lhe ordenou que oferecesse sacrifício aos Deuses gregos, ele não apenas recusou mas matou com as suas próprias mãos alguém que avançou para o matar.
 Depois de a sua detenção ter sido ordenada, ele refugiou-se no deserto da Judéia com os seus 5 filhos, sendo seguido por muitos dos seus compatriotas. Este foi o primeiro episódio da guerra dos Macabeus contra o império selêucida, que resultou na independência dos Judeus após 400 anos de domínio estrangeiro. 

Chanuca

Os eventos da guerra dos Macabeus formam a base para o feriado da Chanuca, celebrado pelos Judeus a 25 de Kislev do calendário judaico, o que corresponde a um período entre meados de Novembro e fins de Dezembro no Calendário Gregoriano.
Judas Macabeu

Matatias morre em 166 a.C., e seu filho Judas assume a liderança da resistência. Judas desenvolve técnicas de guerrilha, que vence as contínuas tropas selêucidas enviadas. Apesar de alguns explicarem tal como "intervenção divina", Antíoco também tinha de se preocupar com outras revoltas em seu império. Em 164 a.C., Judas e seus homens conseguem tomar Jerusalém e rededicar o Templo, no que ficaria conhecida como a Festa de Chanucá.
"No dia vinte e cinco do nono mês - chamado Casleu - do ano cento e quarenta e oito, eles se levantaram de manhã cedo e ofereceram um sacrifício, segundo as prescrições da Lei, sobre o novo altar dos holocaustos que haviam construído. Exatamente no mês e no dia em que os gentios o tinham profanado, foi o altar novamente consagrado com cânticos e ao som de cítaras, harpas e címbalos (…) E Judas, com seus irmãos e toda a assembléia de Israel, estabeleceu que os dias da dedicação do altar seriam celebrados a seu tempo, cada ano, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês de Casleu, com júbilo e alegria". (1 Macabeus 4:52-54,59)
Com a morte de Antíoco IV em 164 a.C., a luta de resistência prossegue contra Antíoco V (164-162 a.C.), seu filho, e o regente Lísias e, a seguir, contra Demétrio I (161-150 a.C.). 

Dinastia Hasmonéia

Com a morte de Judas, a liderança da família e da revolta contra o Império Selêucida passa para o seu irmão Jônatas. Jônatas faz vários acordos e alianças com vários países, como Esparta e inclusive com a potência da época, a República Romana, para que fosse reconhecido a situação de Israel como nação livre perante o império selêucida.Jônatas prossegue com a revolta, até que no ano de 153 a.c ganha o cargo de sumo sacerdote de Israel por decreto de Alexandre Balas, rei selêucida. Jônatas se aliara a Alexandre, na tentativa deste de usurpar o trono de Demétrio I Sóter. Quando Alexandre consegue o trono, ele recompensa Jônatas, a qual permite governar quase que com total independência a Judéia. Entretanto, o rei sucessor de Alexandre, o rei Antíoco VI, torna-se hostil aos judeus, o que provoca nova guerra, dessa vez liderada por Simão, irmão de Jônatas e atual sumo sacerdote.
Por fim, a real independência da Judéia vem no governo de João Hircano I, filho de simão, que se tornou sumo sacerdote e foi coroado rei da Judéia. João Hircano ainda enfrentou uma nova tentativa de invasão do Império Selêucida sob o comando do rei Antíoco VII.De acordo com a lenda, o rei João Hircano I, abriu o sepulcro do Rei Davi e de lá retirou três mil talentos, que entregou a Sidetes para que esse poupasse Jerusalém. Antíoco, então, atacou a Pártia, apoiado pelos judeus, e, por um curto tempo, recuperou a Mesopotâmia, Babilônia e a região dos Medos, antes de cair em uma emboscada e ser morto por Fraates II de Pártia. O reino Selêucida, então, se restringiu à Síria. Com isso a independência da Judéia como um reino independente sob a dinastia Hasmonéia é assegurada.
Durante o reinado de João Hicarno I e de Alexandre Janeu, há uma expansão do reino judeu, que incorpora regiões importantes da palestina, como Mádaba, Samega, Siquém, Adora, Marisa e a Iduméia. Nesse processo, há uma ajudaização forçada das populações conquistadas.Por essa época é que surgem os três grandes partidos políticos da Judéia: Fariseus, Saduceus e os Essênios. As crueldades cometidas por João Hircano I contra as cidades conquistadas e as populações forçadamente judaizadas provocam a primeira reação dos Fariseus contra os governantes Macabeus. A partir deste momento João Hircano I alia-se aos saduceus e rompe com os fariseus. Durante os próximos reinados, de Alexandre Janeu (104-103 a.c) e de Aristóbulo I (103-76 a.c), os governantes Hasmoneus se apoiam nos Saduceus contra os Fariseus. Entretanto, durante o reinado da rainha Salomé Alexandra (76-66 a.c), há um aproximamento da monarca com o partido Fariseu, em detrimento dos Saduceus.



Declínio Hasmoneu e subjulgação romana

A relativa independência dos judeus termina com a ascensão de Aristóbulo II ao trono. Seu irmão, João Hircano II, inicia uma guerra civil que termina com a intervenção do general romano Pompeu no ano de 63 a.C., sob o pretexto de pacificar a região. Pompeu coloca Hircano II como sumo sacerdote, entretanto lhe retira o título real e transforma a Judéia em um reino cliente subordinado a um procurador romano. No ano de 37 a.c, Marco António entrega o trono da Judéia a Herodes, o Grande, um príncipe idumeu filho do procurador romano, Antípater. Para se legitimar no trono, Herodes se casa com Mariana, a única filha e herdeira do sumo sacerdote Hasmoneu Antigono, filho de Hicarno II. Entretanto, com medo de conspirações por parte da elite judaica e dos seus filhos com Mariana, manda executar a esposa e acusa seus filhos, Alexandre e Aristóbulo IV de alta traição, que são julgados e executados em 7 a.c. 

Lista de Reis e Governantes Hasmoneus
  • Judas Macabeu 164-160 a.c - Lidera a sua família e os rebeldes contra o Império Selêucida.
  • Jônatas 160-143 a.c - Governou como sumo sacerdote.
  • Simão 142-134 a.c - Governou como sumo sacerdote.
  • João Hicarno I 134-104 a.c
  • Aristóbulo I 104-103 a.c
  • Alexandre Janeu I 103-76 a.c - Primeiro Hasmoneu a tomar o título de rei, além de sumo sacerdote.
  • Salomé ALexandra 76-66 a.c
  • Aristóbulo II 66-63 a.c - Deposto pelos romanos. Seu irmão , João Hircano II , foi feito sumo sacerdote em seu lugar.
  • João Hicarno II 63-40 a.c - Colocado no governo como sumo sacerdote pelos romanos.
  • Antígono I 40-37 a.c - Deposto pelos romanos, foi eleito Herodes, o Grande como rei da Judéia.
Livro dos Macabeus

Não faz parte do cânon escriturístico dos judeus, por isso é considerado um livro apócrifo, é o registro histórico das lutas travadas contra os soberanos selêucidas para obter a liberdade religiosa e política do povo judeu. Seu título provém do apelido de Macabeu que, por extensão, passou a designar também os seus irmãos.
Estes registros são divididos em dois relatos, o primeiro e o segundo livro de Macabeus, como descrito abaixo:
O relato do primeiro livro dos Macabeus abrange quarenta anos, desde a ascensão de Antíoco Epífanes ao poder, em 175 a.C., até a morte de Simão e o início do governo de João Hircano em 134 a.C. Foi escrito em hebraico, mas só foi conservado numa tradução grega. Seu autor é um judeu palestinense, que compôs a obra depois do ano 134 a.C., mas antes da tomada de Jerusalém por Pompeu em 63 a.C. As últimas linhas do livro indicam que ele foi escrito não antes do final do reinado de João Hircano, mais provavelmente pouco depois de sua morte, por volta de 100 a.C.
O segundo livro dos Macabeus não é a continuação do primeiro. É, em parte, paralelo a ele, iniciando a narração dos acontecimentos um pouco antes, no fim do reinado de Seleuco IV, predecessor de Antíoco Epífanes, mas acompanhando-os apenas de Judas Macabeu. Isto não representa mais do que quinze anos e corresponde somente ao conteúdo dos caps. 1 - 7 do primeiro livro.

Ambos os livros foram transmitidos em grego, mas o Primeiro Livro dos Macabeus teria sido originalmente escrito em hebraico por no início do séc. I AC, mas o original se perdeu[3]. Tal datação tem como base as últimas linhas do livro (I Mc 16:23-24), que indicariam que o livro não foi escrito antes do final do reinado de João Hicarno, mas provavelmente pouco depois de sua morte, por volta de 100 AC[4].
O tema geral dos dois livros é o mesmo: descrevem as lutas dos judeus, liderados por Matatias e seus filhos, contra os reis sírios (selêucidas) e seus aliados judeus, pela libertação religiosa e política da nação, opondo-se aos valores do helenismo.
O Primeiro Livro dos Macabeus ocupa-se de um período mais amplo da guerra de libertação do que o Segundo Livro dos Macabeus. Começa com a perseguição de Antíoco Epífanes (175 a.C.) e vai até a morte de Simão (134 a.C.), o último dos filhos de Matatias.
Depois de uma breve introdução sobre os governos de Alexandre Magno e seus sucessores (1,1-9), o autor passa a mostrar como Antíoco Epífanes tenta introduzir à força os costumes gregos na Judéia (1,10-63). Descreve a revolta de Matatias (2,1-70), cuja bandeira da libertação passa primeiro a Judas Macabeu (3,1-9,22), depois a seu irmão Jônatas (9,23-12,53) e por fim a Simão (13,1-16,24).


Capítulo 1
1 Ora, aconteceu que, já senhor da Grécia, Alexandre, filho de Filipe da
Macedônia, oriundo da terra de Cetim, derrotou também Dario, rei dos
persas e dos medos e reinou em seu lugar.
2 Empreendeu inúmeras guerras, apoderou-se de muitas cidades e
matou muitos reis.
3 Avançou até os confins da terra e apoderou-se das riquezas de vários
povos, e diante dele silenciou a terra. Tornando-se altivo, seu coração
ensoberbeceu-se.
4 Reuniu um imenso exército,
5 impôs seu poderio aos países, às nações e reis, e todos se tornaram
seus tributários.
6 Enfim, adoeceu e viu que a morte se aproximava.
7 Convocou então os mais considerados dentre os seus cortesãos,
companheiros desde sua juventude, e, ainda em vida, repartiu entre
eles o império.
8 Alexandre havia reinado doze anos ao morrer.
9 Seus familiares receberam cada qual seu próprio reino.
10 Puseram todos o diadema depois de sua morte, e, após eles, seus
filhos durante muitos anos; e males em quantidade multiplicaram-se
sobre a terra.
11 Desses reis originou-se uma raiz de pecado: Antíoco Epífanes, filho
do rei Antíoco, que havia estado em Roma, como refém, e que reinou no
ano cento e trinta e sete do reino dos gregos.
12 Nessa época saíram também de Israel uns filhos perversos que
seduziram a muitos outros, dizendo: Vamos e façamos alianças com os
povos que nos cercam, porque, desde que nós nos separamos deles,
caímos em infortúnios sem conta.
13 Semelhante linguagem pareceu-lhes boa,
14 e houve entre o povo quem se apressasse a ir ter com o rei, o qual
concedeu a licença de adotarem os costumes pagãos.
15 Edificaram em Jerusalém um ginásio como os gentios, dissimularam
os sinais da circuncisão, afastaram-se da aliança com Deus, para se
unirem aos estrangeiros e venderam-se ao pecado.
16 Quando seu reino lhe pareceu bem consolidado, concebeu Antíoco o
desejo de possuir o Egito, a fim de reinar sobre dois reinos.
17 Entrou, pois, no Egito com um poderoso exército, com carros,
elefantes, cavalos e uma numerosa esquadra.
18 Investiu contra Ptolomeu, rei do Egito, o qual, tomado de pânico,
fugiu. Foram muitos os que sucumbiram sob seus golpes.
19 Tornou-se ele senhor das fortalezas do Egito, e apoderou-se das
riquezas do país.
3
20 Após ter derrotado o Egito, pelo ano cento e quarenta e três,
regressou Antíoco e atacou Israel, subindo a Jerusalém com um forte
exército.
21 Penetrou cheio de orgulho no santuário, tomou o altar de ouro, o
candelabro das luzes com todos os seus pertences,
22 a mesa da proposição, os vasos, as alfaias, os turíbulos de ouro, o
véu, as coroas, os ornamentos de ouro da fachada, e arrancou as
embutiduras.
23 Tomou a prata, o ouro, os vasos preciosos e os tesouros ocultos que
encontrou.
24 Arrebatando tudo consigo, regressou à sua terra, após massacrar
muitos judeus e pronunciar palavras injuriosas
25 Foi isso um motivo de desolação em extremo para todo o Israel.
26 Príncipes e anciãos gemeram, jovens e moças perderam sua alegria
e a beleza das mulheres empanou-se.
27 O recém-casado lamentava-se, e a esposa chorava no leito nupcial.
28 A própria terra tremia por todos os seus habitantes e a casa de Jacó
cobriu-se de vergonha.
29 Dois anos após, Antíoco enviou um oficial a cobrar o tributo nas
cidades de Judá. Chegou ele a Jerusalém com uma numerosa tropa;
30 dirigiu-se aos habitantes com palavras pacíficas, mas astuciosas, nas
quais acreditaram; em seguida lançou-se de improviso sobre a cidade,
pilhou-a seriamente e matou muita gente.
31 Saqueou-a, incendiou-a, destruiu as casas e os muros em derredor.
32 Seus soldados conduziram ao cativeiro as mulheres e as crianças e
apoderaram-se dos rebanhos.
33 Cercaram a Cidade de Davi com uma grande e sólida muralha, com
possantes torres, tornando-se assim ela sua fortaleza.
34 Instalaram ali uma guarnição brutal de gente sem leis, fortificaramse
aí;
35 e ajuntaram armas e provisões. Reunindo todos os espólios do saque
de Jerusalém, ali os acumularam. Constituíram desse modo uma grande
ameaça.
36 Serviram de cilada para o templo, e um inimigo constantemente
incitado contra o povo de Israel,
37 derramando sangue inocente ao redor do templo e profanando o
santuário.
38 Por causa deles, os habitantes de Jerusalém fugiram, e só ficaram lá
os estrangeiros. Jerusalém tornou-se estranha a seus próprios filhos e
estes a abandonaram.
39 Seu templo ficou desolado como um deserto, seus dias de festa se
transformaram em dias de luto, seus sábados, em dias de vergonha, e
sua glória em desonra.
40 Quanto fora ela honrada, agora foi desprezada, e sua exaltação
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converteu-se em tormento.
41 Então o rei Antíoco publicou para todo o reino um edito,
prescrevendo que todos os povos formassem um único povo e
42 que abandonassem suas leis particulares. Todos os gentios se
conformaram com essa ordem do rei, e
43 muitos de Israel adotaram a sua religião, sacrificando aos ídolos e
violando o sábado.
44 Por intermédio de mensageiros, o rei enviou, a Jerusalém e às
cidades de Judá, cartas prescrevendo que aceitassem os costumes dos
outros povos da terra,
45 suspendessem os holocaustos, os sacrifícios e as libações no templo,
violassem os sábados e as festas,
46 profanassem o santuário e os santos,
47 erigissem altares, templos e ídolos, sacrificassem porcos e animais
imundos,
48 deixassem seus filhos incircuncidados e maculassem suas almas com
toda sorte de impurezas e abominações, de maneira
49 a obrigarem-nos a esquecer a lei e a transgredir as prescrições.
50 Todo aquele que não obedecesse à ordem do rei seria morto.
51 Foi nesse teor que o rei escreveu a todo o seu reino; nomeou
comissários para vigiarem o cumprimento de sua vontade pelo povo e
coagirem as cidades de Judá, uma por uma, a sacrificar.
52 Houve muitos dentre o povo que colaboraram com eles e
abandonaram a lei. Fizeram muito mal no país, e
53 constrangeram os israelitas a se refugiarem em asilos e refúgios
ocultos.
54 No dia quinze do mês de Casleu, do ano cento e quarenta e cinco,
edificaram a abominação da desolação por sobre o altar e construíram
altares em todas as cidades circunvizinhas de Judá.
55 Ofereciam sacrifícios diante das portas das casas e nas praças
públicas,
56 rasgavam e queimavam todos os livros da lei que achavam;
57 em toda parte, todo aquele em poder do qual se achava um livro do
testamento, ou todo aquele que mostrasse gosto pela lei, morreria por
ordem do rei.
58 Com esse poder que tinham, tratavam assim, cada mês, os judeus
que eles encontravam nas cidades
59 e, no dia vinte e cinco do mês, sacrificavam no altar, que sobressaía
ao altar do templo.
60 As mulheres, que levavam seus filhos a circuncidar, eram mortas
conforme a ordem do rei,
61 com os filhos suspensos aos seus pescoços. Massacravam-se
também seus próximos e os que tinham feito a circuncisão.
62 Numerosos foram os israelitas que tomaram a firme resolução de
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não comer nada que fosse impuro, e preferiram a morte antes que se
manchar com alimentos;
63 não quiseram violar a santa lei e foram trucidados.
64 Caiu assim sobre Israel uma imensa cólera.
Capítulo 2
1 Foi nessa época que se levantou Matatias, filho de João, filho de
Simeão, sacerdote da família de Joarib, que veio de Jerusalém se
estabelecer em Modin.
2 Tinha ele cinco filhos: João, apelidado Gadis,
3 Simão, alcunhado Tasi,
4 Judas, chamado Macabeu,
5 Eleazar, cognominado Avarã, e Jônatas, chamado Afos.
6 Vendo as abominações praticadas em Judá e em Jerusalém,
exclamou: Ai de mim, por que nasci eu, para ver a ruína de meu povo e
da cidade santa,
7 e ficar sem fazer nada, enquanto ela é entregue ao poder de seus
inimigos
8 e seu centro religioso abandonado aos estrangeiros? Seu templo
tornou-se como um homem desonrado
9 e os vasos sagrados, que eram o motivo de seu orgulho, levados como
para um cativeiro; seus filhos foram trucidados nas ruas e os seus
jovens sucumbiram ao gládio do inimigo.
10 Que povo há que não tenha herdado de seus atributos reais, que não
se tenha apoderado dos seus despojos?
11 Toda a sua glória desapareceu e, de livre que era, tornou-se escrava.
12 Eis que tudo o que tínhamos de sagrado, de belo, de glorioso, foi
assolado e profanado pelas nações.
13 Por que viver ainda?
14 Matatias e seus filhos rasgaram suas vestes, cobriram-se de sacos, e
choravam amargamente.
15 Sobrevieram enviados do rei a Modin, para impor a apostasia e
obrigar a sacrificar.
16 Muitos dos israelitas uniram-se a eles, mas Matatias e seus filhos
permaneceram firmes.
17 Em resposta disseram-lhe os que vinham da parte do rei: Possuis
nesta cidade notável influência e consideração, teus irmãos e teus filhos
te dão autoridade.
18 Vem, pois, como primeiro, executar a ordem do rei, como o fizeram
todas as nações, os habitantes de Judá e os que ficaram em Jerusalém.
Serás contado, tu e teus filhos, entre os amigos do rei; a ti e aos teus
filhos o rei vos honrará, cumulando-vos de prata, de ouro e de
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presentes.
19 Matatias respondeu-lhes: Ainda mesmo que todas as nações que se
acham no reino do rei o escutassem, de modo que todos renegassem a
fé de seus pais e aquiescessem às suas ordens,
20 eu, meus filhos e meus irmãos, perseveraremos na Aliança concluída
por nossos antepassados.
21 Que Deus nos preserve de abandonar a lei e os mandamentos!
22 Não obedeceremos a essas ordens do rei e não nos desviaremos de
nossa religião, nem para a direita, nem para a esquerda.
23 Mal acabara de falar, eis que um judeu se adiantou para sacrificar no
altar de Modin, à vista de todos, conforme as ordens do rei.
24 Viu-o Matatias e, no ardor de seu zelo, sentiu estremecerem-se suas
entranhas. Num ímpeto de justa cólera arrojou-se e matou o homem no
altar.
25 Matou ao mesmo tempo o oficial incumbido da ordem de sacrificar e
demoliu o altar.
26 Com semelhante gesto mostrou ele seu amor pela lei, como agiu
Finéias a respeito de Zamri, filho de Salum.
27 Em altos brados Matatias elevou a voz então na cidade: Quem for fiel
à lei e permanecer firme na Aliança, saia e siga-me.
28 Assim, com seus filhos, fugiu em direção às montanhas,
abandonando todos os seus bens na cidade.
29 Então, uma grande parte dos que procuravam a lei e a justiça,
encaminhou-se para o deserto.
30 Ali refugiaram-se, com seus filhos, suas mulheres e seus rebanhos,
porque a perseguição se encarniçava contra eles.
31 Contaram aos oficiais do rei e às forças acantonadas em Jerusalém,
na cidadela de Davi, que certo número de judeus, culpáveis de terem
transgredido a ordem real, havia descido ao deserto, para ali se ocultar
e que muitos se haviam precipitado em seu seguimento.
32 Os sírios arremessaram-se ao encalço deles e os alcançaram, depois
se prepararam para agredi-los no dia de sábado.
33 Isso basta, agora, gritaram-lhes eles, saí, obedecei à ordem do rei, e
vivereis.
34 Não sairemos, replicaram os judeus, e nem obedeceremos ao rei,
com a profanação do dia de sábado.
35 Instantaneamente os sírios travaram combate contra eles;
36 mas eles não responderam, não atiraram uma pedra e não
barricaram seu refúgio.
37 Que morramos todos inocentes! O céu e a terra nos servirão de
testemunha, de que nos matais injustamente.
38 E foi assim que os inimigos se lançaram sobre eles em dia de
sábado, morrendo eles, suas mulheres e seus filhos, com seu gado, em
número de mil.
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39 Matatias e seus amigos o souberam e comoveram-se muito;
40 mas disseram uns aos outros: Se todos nós agirmos como nossos
irmãos, e se não pelejarmos contra os estrangeiros para pormos a salvo
nossas vidas e nossas leis, exterminar-nos-ão bem depressa da terra.
41 Tomaram, pois, naquele dia a seguinte resolução: Mesmo que nos
ataquem em dia de sábado, pugnaremos contra eles e não nos
deixaremos matar a todos nós, como o fizeram nossos irmãos no seu
esconderijo.
42 Então se ajuntou a eles o grupo dos judeus assideus, particularmente
valentes em Israel, apegados todos à lei;
43 e todos os que fugiam das perseguições se ajuntaram do mesmo
modo a eles e os reforçaram.
44 Formaram, pois, um exército e na sua ira e indignação massacraram
certo número de prevaricadores e de traidores da lei; os outros
procuraram refúgio junto aos estrangeiros.
45 Assim Matatias e seus amigos percorreram o país, destruíram os
altares e
46 circuncidaram à força as crianças, ainda incircuncisas nas fronteiras
de Israel,
47 e perseguiram os sírios orgulhosos. Sua empresa alcançou bom
êxito.
48 Arrancaram a lei do poder dos gentios e dos reis, e não permitiram
que prevalecesse o mal.
49 Ora, chegou para Matatias o dia de sua morte e ele disse a seus
filhos: O que domina até este momento é o orgulho, o ódio, a desordem
e a cólera.
50 Sede, pois, agora, meus filhos, os defensores da lei e dai vossa vida
pela Aliança de vossos pais.
51 Recordai-vos dos feitos de vossos maiores em seu tempo, e
merecereis uma grande glória e um nome eterno.
52 Porventura, não foi na prova que Abraão foi achado fiel? E não lhe foi
isso imputado em justiça?
53 José observou os mandamentos na sua desgraça e veio a ser o
senhor do Egito.
54 Finéias, nosso antepassado, por ter sido inflamado de zelo, recebeu a
promessa de um perpétuo sacerdócio.
55 Josué, cumprindo a palavra de Deus, veio a ser juiz em Israel.
56 Caleb deu testemunho na assembléia e herdou a terra.
57 Por todos os séculos, em vista de sua piedade, mereceu Davi o trono
real.
58 Porque ardia em zelo pela lei, Elias foi arrebatado ao céu.
59 Ananias, Azarias e Mizael foram salvos das chamas por terem tido fé.
60 Daniel, na sua retidão, foi livre da boca dos leões.
61 Recordai-vos assim, de geração em geração, de que todos os que
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esperam em Deus não desfalecem.
62 Não receeis as ameaças do pecador, porque sua glória chega à lama
e aos vermes:
63 hoje ele se eleva e amanhã desaparece, porque tornará ao pó, e
seus planos são frustrados.
64 Quanto a vós, meus filhos, sede corajosos e destemidos em observar
a lei, porque por ela chegareis à glória.
65 Aqui tendes Simão, irmão vosso, eu sei que ele é homem de
conselho, ouvi-o sempre e será para vós um pai.
66 Judas Macabeu, bravo desde a juventude: será o general do exército
e dirigirá a guerra contra os gentios.
67 Atraireis a vós todos os que observam a lei e vingareis vosso povo.
68 Pagai aos gentios o que nos fizeram e atendei aos preceitos da lei.
69 Depois disso abençoou-os e foi unir-se aos seus pais.
70 Morreu no ano cento e quarenta e seis. Seus filhos sepultaram-no em
Modin, entre as sepulturas de seus antepassados, e todo o Israel o
chorou dolorosamente.
Capítulo 3
1 Seu filho Judas, cognominado Macabeu, ficou em seu lugar.
2 Todos os seus irmãos o auxiliaram, bem como todos os que se tinham
unido a seu pai, aceitando generosamente a promessa de combater por
Israel.
3 Dilatou a glória do povo; revestiu-se com a couraça como um gigante,
cingiu-se com as armas de guerra, e empenhava-se nos combates,
protegendo seu exército com sua espada.
4 Assemelhava-se nas ações a um leão, e parecia um leãozinho que
ruge na caçada.
5 Perseguia e rebuscava com cuidado os traidores e lançava ao fogo os
que perseguiam seu povo.
6 Os maus recuavam diante dele transidos de medo, tremiam os que
praticavam o mal e a salvação do povo firmava-se em suas mãos.
7 Seus feitos exasperavam os reis, mas alegravam Jacó, e sua memória
permaneceu eternamente bendita.
8 Percorreu as cidades expulsando de Judá os ímpios, desviando assim
de Israel a cólera divina.
9 Seu nome foi pronunciado até as extremidades da terra, e ele
conseguiu a adesão daqueles que estavam a ponto de perecer.
10 Aconteceu que Apolônio convocou os gentios e, de Samaria, partiu
com um grande exército para pelejar contra Israel.
11 Soube-o Judas, saiu-lhe ao encontro, venceu-o e o matou; muitos
caíram aos seus golpes e os restantes puseram-se em fuga.
9
12 Apoderou-se dos espólios, tomou a espada de Apolônio, e desde
então usava-a sempre nos combates.
13 Seron, general do exército sírio, veio a saber que Judas cercara-se
de soldados fiéis convocados e que ele os levara ao combate.
14 Tornar-me-ei célebre, disse ele, e cobrir-me-ei de glória no reino,
vencerei Judas com seus correligionários, que se opõem às ordens reais.
15 Armou-se ele para a guerra. Um poderoso exército de ímpios
marchou com ele, para reforçar e tomar vingança dos filhos de Israel.
16 Avançaram até a muralha de Betoron e Judas, seguido de poucos
homens, foi-lhe ao encontro.
17 Mas à vista do exército que vinha contra eles, os companheiros de
Judas disseram-lhe: Como poderemos enfrentar tamanho exército, se
somos tão poucos, tanto mais que nos sentimos fracos, porque hoje
nada temos comido?
18 É fácil, respondeu Judas, a um punhado de gente fazer-se respeitar
por muitos; para o Deus do céu não há diferença entre a salvação de
uma multidão e de um punhado de homens,
19 porque a vitória no combate não depende do número, mas da força
que desce do céu.
20 Esta gente vem contra nós, com insolência e orgulho, para nos
aniquilar, juntamente com nossas mulheres e nossos filhos, e para nos
despojar;
21 nós, porém, lutamos por nossas vidas e nossas leis.
22 O próprio Deus os esmagará aos nossos olhos. Não os temais.
23 E logo que cessara de falar, arrojou-se Judas com rapidez sobre os
inimigos, e Seron diante dele foi derrotado com seu exército;
24 e Judas o perseguiu na descida de Betoron até a planície. Morreram
cerca de oitocentos sírios e os restantes fugiram para a terra dos
filisteus.
25 E foi assim que se espalhou o terror de Judas e dos seus irmãos e
todos os povos das vizinhanças encheram-se de consternação.
26 Seu nome chegou aos ouvidos do rei, e todas as nações comentaram
os feitos heróicos de Judas.
27 Quando o rei Antíoco soube dessas novas, encolerizou-se
terrivelmente, reuniu todas as forças do reino, de que formou um
exército poderosíssimo.
28 Abriu seu tesouro, e deu ao exército o soldo de um ano com a ordem
de estarem prontos para qualquer eventualidade.
29 No entanto viu que lhe faltava dinheiro no tesouro e que os tributos
do território eram deficientes em vista das perturbações e da maldade
que havia provocado, suprimindo em toda a parte as instituições em
vigor, desde outrora.
30 Receou, portanto, não poder pagar as despesas, como fizera já uma
ou duas vezes, e outorgar as liberalidades, que distribuía em certo
10
tempo com mão generosa, porque excedia em liberalidade a todos os
reis, seus predecessores.
31 Profundamente consternado, resolveu ir à Pérsia cobrar os tributos
dessas regiões e ajuntar muito dinheiro.
32 Deixou Lísias, pessoa de relevo, de linhagem real, para dirigir os
negócios do reino, do Eufrates às fronteiras do Egito,
33 e ocupar-se, até sua volta, de seu filho Antíoco.
34 Deixou-lhe a metade do exército do reino, com os elefantes, e deulhe
as instruções referentes à execução de suas vontades,
especialmente o que dizia respeito aos habitantes da Judéia e de
Jerusalém:
35 ele devia enviar um exército contra eles, para destruir e aniquilar o
poderio de Israel e o que restava de Jerusalém, e apagar desses lugares
até a sua lembrança
36 e estabelecer em todos os seus confins estrangeiros, aos quais
distribuiria por meio de sorte as terras.
37 O rei tomou a outra metade do exército, partiu de Antioquia, capital
de seu reino, pelo ano cento e quarenta e sete, passou o Eufrates e
atravessou as terras superiores.
38 Lísias escolheu Ptolomeu, filho de Dorímino, Nicanor e Górgias,
valorosos generais e familiares do rei;
39 enviou com estes quarenta mil homens e sete mil cavaleiros para
invadir e devastar o país de Judá, conforme a ordem do rei.
40 Postos a caminho com todas essas tropas, chegaram à planície de
Emaús e penetraram nela.
41 Quando os mercadores ouviram falar deles, tomaram muita prata e
ouro e se dirigiram com peias ao campo para comprar os filhos de Israel
como escravos. Exércitos da Síria, bem como do estrangeiro, vieram
juntar-se a eles.
42 Judas e seus irmãos viram que a situação era grave e que as forças
inimigas acampavam dentro de suas fronteiras. Sabendo também como
o rei havia ordenado de tratar o povo para destruí-lo e exterminá-lo,
43 disseram uns aos outros: Levantemos nossa pátria de seu
abatimento e lutemos por nosso povo e nossa religião.
44 Convocaram então toda a gente, a fim de se prepararem para a luta,
de rezarem, de implorarem piedade e misericórdia de Deus.
45 Porquanto Jerusalém estava desabitada e deserta: não havia um só
de seus filhos que nela entrasse ou dela saísse. Seu santuário estava
profanado, soldados estrangeiros ocupavam a cidadela, gentios faziam
ali sua habitação. Toda a alegria havia desaparecido de Jacó; a flauta e
a harpa estavam caladas.
46 Os israelitas se ajuntaram, pois, e se dirigiram a Masfa, defronte de
Jerusalém, porque tinham tido outrora, em Masfa, um lugar de oração.
47 Jejuaram aquele dia, vestiram-se com sacos, cobriram a cabeça com
11
cinza e rasgaram suas vestes.
48 Abriram um dos livros da Lei, para ler nele o que os gentios
perguntavam às representações de seus falsos deuses;
49 trouxeram os ornamentos sacerdotais, as primícias e os dízimos e
mandaram vir os nazarenos que haviam cumprido o tempo de seu voto;
50 em seguida sua voz se elevou com força ao céu: Que havemos nós
de fazer destas ofertas e para onde vamos nós levá-las?
51 Vosso santuário está profanado e manchado, vossos sacerdotes
estão em luto e na humilhação,
52 as nações se coligaram para nos aniquilar e vós sabeis o que elas
tramam contra nós.
53 Como resistir diante deles, se vós não vierdes em nosso auxílio?
54 Então eles soaram a trombeta e fizeram um grande clamor.
55 Depois disso Judas nomeou chefes para grupos de mil, cem,
cinqüenta e dez homens,
56 e disse aos que acabavam de construir uma casa, de tomar mulher,
plantar uma vinha, ou que tinham medo, que voltassem cada qual para
sua casa, conforme a lei.
57 Os israelitas se puseram então a caminho e vieram acampar ao sul
de Emaús.
58 Preparai-vos, disse-lhes Judas, sede corajosos e estai prontos desde
a manhã para o combate a essas nações que estão unidas para nos
arruinar, a nós e tudo o que possuímos de sagrado;
59 porquanto é preferível morrer no combate, que ver nosso povo
perseguido e profanado nosso santuário.
60 Que se faça somente a vontade de Deus!
Capítulo 4
1 Tomando consigo cinco mil homens e mil cavaleiros de elite, Górgias
se pôs a caminho à noite
2 para surpreender o acampamento dos judeus e atacá-lo de improviso.
A gente da cidadela servia-lhe de guia.
3 Mas Judas o soube, e com seus destemidos companheiros saiu para
esmagar aquelas forças do rei que tinham ficado perto de Emaús,
4 enquanto as tropas estavam espalhadas na planície.
5 Chegou Górgias à noite ao acampamento de Judas, mas não
encontrou ninguém; pôs-se então à sua procura nas montanhas,
dizendo: Fugiram diante de nós.
6 Todavia Judas apareceu na planície ao despertar do dia com três mil
homens, que, excetuando espadas e escudos, não estavam armados
como o teriam querido;
7 entrementes viram eles o campo dos gentios poderoso, fortificado de
12
cavalaria e os próprios inimigos prontos para o combate.
8 Não temais seu número, disse Judas a seus companheiros, e nem
receeis seu choque.
9 Lembrai-vos como nossos pais foram salvos no mar Vermelho, quando
o faraó os perseguia com seu exército.
10 Gritemos agora para o céu para que ele se apiade de nós, que se
lembre da Aliança com nossos antepassados e queira hoje esmagar esse
exército aos nossos olhos.
11 Todas as nações saberão que Israel possui um libertador e um
salvador.
12 Erguendo os olhos, os gentios viram-nos avançar contra eles
13 e saíram do acampamento para a luta, enquanto os homens de Judas
soavam a trombeta.
14 Travou-se a batalha, mas os inimigos, derrotados, puseram-se em
fuga através da planície.
15 Os últimos tombaram todos sob a espada, enquanto eram
perseguidos até Gazara e as planícies de Iduméia, de Azot e de Jânia. E
sucumbiram cerca de três mil.
16 Então Judas parou de persegui-los, voltou atrás com suas tropas pelo
mesmo caminho,
17 e disse: Não penseis nos despojos, porque outro combate nos
aguarda:
18 Górgias está perto de nós na montanha, com suas forças. No
momento, enfrentai o inimigo e combatei; após isto, podereis apoderarvos
de seus despojos, com toda a segurança.
19 Ainda Judas falava, quando alguns homens apareceram e olharam de
cima da montanha.
20 Viram que o exército tinha sido posto em fuga e que o acampamento
se queimava porque a fumaça que se percebia indicava o que se
passara.
21 À vista disso todos foram tomados de grande espanto e, certificandose
de que o exército de Judas se achava na planície, pronto para o
combate,
22 fugiram todos para terra estrangeira.
23 Judas voltou para pilhar o acampamento, e seus homens
apoderaram-se de muito ouro, prata, jacinto, púrpura marinha, e de
grandes riquezas.
24 Ao voltarem, cantavam hinos e elevavam ao céu os louvores do
Senhor, porque ele é bom e sua misericórdia é eterna.
25 Israel foi, com efeito, naquele dia salvo de um grande perigo.
26 Os gentios que escaparam vieram contar a Lísias os acontecimentos,
27 o qual ficou consternado e abatido ouvindo-os, porque Israel não
tinha sido tratado como ele quis, e porque as ordens do rei não tinham
sido cumpridas.
13
28 Por isso, no ano seguinte, reuniu Lísias sessenta mil infantes
escolhidos e cinco mil cavaleiros para acabar com os judeus.
29 Esse exército veio da Iduméia acampar em Betsur. Judas foi-lhe ao
encontro com dez mil homens.
30 Tendo ante os olhos esse poderoso exército, rezou nestes termos:
Sede bendito, Salvador de Israel, vós que quebrastes a força do
poderoso pela mão do vosso servo Davi e entregastes os exércitos
estrangeiros nas mãos de Jônatas e do seu escudeiro.
31 Entregai esse exército ao poder do povo de Israel e confundi nossos
inimigos com suas tropas e sua cavalaria.
32 Inspirai-lhes o terror, fazei derreter seu orgulho audaz. Que eles
sejam sacudidos e pisados.
33 Derribai-os sob a espada dos que vos amam e que todos aqueles que
conhecem vosso nome cantem vossos louvores.
34 Travou-se então o combate, e do exército de Lísias tombaram cinco
mil homens, que sucumbiram diante deles.
35 Vendo seu exército posto em fuga e os judeus cheios de bravura,
prontos a viver ou a morrer valentemente, voltou Lísias a Antioquia para
arregimentar tropas de mercenários, com o intuito de reaparecer na
Judéia com um exército mais forte.
36 Judas e seus irmãos disseram então: Eis que nossos inimigos estão
aniquilados; subamos agora a purificar e consagrar de novo os lugares
santos.
37 Reunido todo o exército, subiram à montanha de Sião.
38 Contemplaram a desolação dos lugares santos, o altar profanado, as
portas queimadas, os átrios cheios de arbustos que tinham nascido
como num bosque ou sobre as colinas, os aposentos demolidos.
39 Rasgando suas vestes, eles se lamentaram muito e cobriram as
cabeças com cinza,
40 prostraram-se com o rosto por terra, tocaram as trombetas e
ergueram clamores ao céu.
41 Então Judas encarregou alguns homens de combater os soldados da
cidadela, enquanto purificavam o templo.
42 Escolheu sacerdotes sem mancha e zelosos pela lei,
43 os quais purificaram o templo, transportando para um lugar impuro
as pedras contaminadas.
44 Consultaram-se entre si, o que se deveria fazer do altar dos
holocaustos, que havia sido profanado,
45 e tomaram a excelente resolução de demoli-lo, para que não recaísse
sobre eles o opróbrio vindo da mancha dos gentios. Destruíram-no,
portanto,
46 e transportaram suas pedras a um lugar conveniente sobre a
montanha do templo, aguardando a decisão de algum profeta a esse
respeito.
14
47 Tomaram pedras intactas, segundo a lei, e construíram um novo
altar, semelhante ao primeiro.
48 Restauraram também o templo e o interior do templo e purificaram
os átrios.
49 Fizeram novos vasos sagrados e transportaram ao santuário o
candeeiro, o altar dos perfumes, e a mesa.
50 Queimaram incenso no altar, acenderam as lâmpadas do candeeiro,
para alumiarem o templo,
51 colocaram pães sobre a mesa e suspenderam os véus, terminando
completamente seu trabalho.
52 No dia vinte e cinco do nono mês, isto é, do mês de Casleu, do ano
cento e quarenta e oito, eles se levantaram muito cedo,
53 e ofereceram um sacrifício legal sobre o novo altar dos holocautos,
que haviam construído.
54 Foi no mesmo dia e na mesma data em que os gentios o haviam
profanado, que o altar foi de novo consagrado ao som de cânticos, das
harpas, das liras e dos címbalos.
55 Todo o povo se prostrou com o rosto em terra para adorar e bendizer
no céu aquele que os havia conduzido ao triunfo.
56 Prolongaram por oito dias a dedicação do altar, oferecendo com
alegria holocaustos e sacrifícios de ações de graças e de louvores.
57 Adornaram a fachada do templo com coroas de ouro e com pequenos
escudos, consagraram as entradas do templo e os quartos, nos quais
colocaram portas.
58 Reinou uma alegria imensa entre o povo e o opróbrio das nações foi
afastado.
59 Foi estabelecido por Judas e seus irmãos, e por toda a assembléia de
Israel que os dias da dedicação do altar seriam celebrados cada ano em
sua data própria, durante oito dias, a partir do dia vinte e cinco do mês
de Casleu, e isto com alegria e regozijo.
60 Na mesma época cercaram a montanha de Sião com uma alta
muralha com fortes torres, para que não fosse mais possível às nações
pisá-la aos pés, como outrora.
61 Judas pôs ali tropas para guardá-la e fortificou também Betsur para
protegê-la, a fim de que o povo tivesse uma muralha do lado da
Iduméia.
Capítulo 5
1 Ora, ouvindo falar da reconstrução do altar e da restauração do
templo, os povos circunvizinhos encolerizaram-se muito, e,
2 tomada a resolução de exterminar toda a raça de Jacó, que vivesse
entre eles, puseram-se a matá-los e a persegui-los.
15
3 Por eles perseguirem desse modo Israel, Judas atacou os filhos de
Esaú na Iduméia, junto de Acrabatan, infligiu-lhes uma grande derrota,
esmagou-os e apoderou-se de seus despojos.
4 Lembrou-se igualmente da malícia dos filhos de Bean, armadilha e
perigo para seu povo, por causa das emboscadas que eles armavam nos
caminhos.
5 Foram rechaçados em suas torres, onde ele os sitiou e os exterminou,
queimando as torres com todos os que ali se achavam.
6 Em seguida atacou os amonitas, entre os quais ele descobriu um forte
exército e numeroso povo, sob a chefia de Timóteo.
7 Travou com eles numerosos combates; foram aniquilados aos seus
olhos e despedaçou-os.
8 Apoderou-se da cidade de Jazer e de seus arrabaldes e voltou depois à
Judéia.
9 No entanto, as nações de Galaad se coligaram contra os israelitas, que
habitavam seu território, com a intenção de exterminá-los, mas estes se
refugiaram no forte de Datema
10 e enviaram uma mensagem a Judas e a seus irmãos, nestes termos:
As nações que nos cercam se uniram contra nós e querem exterminarnos.
11 Preparam-se para vir tomar a fortaleza, em que nos achamos
refugiados. Timóteo chefia suas tropas.
12 Vinde, pois, agora nos livrar de suas mãos, porque muitos dos
nossos foram mortos.
13 Mataram todos os nossos irmãos que se achavam na região de Tob,
levaram consigo suas mulheres, seus filhos e seus bens e mataram, lá
perto de cem mil homens.
14 Quando ainda se estava lendo essa carta, eis que chegam outros da
Galiléia, com as vestes em farrapos e portadores de notícias idênticas,
15 dizendo: Congregaram-se contra nós nações de Ptolemaida, de Tiro,
de Sidônia, e de toda a Galiléia das Nações, para nos destruir
inteiramente.
16 Logo que Judas e o povo souberam da situação, organizaram uma
grande assembléia, para deliberar sobre o que se deveria fazer em favor
dos irmãos atacados e provados.
17 Disse Judas a seu irmão Simão: Escolhe homens e põe-te a caminho
para livrar teus irmãos da Galiléia; Jônatas, meu irmão, e eu dirigir-nosemos
à terra de Galaad.
18 Para guardar a Judéia deixou ali José, filho de Zacarias, e Azarias,
chefe do povo, à frente do resto do exército,
19 com esta ordem: Governai este povo e, até nossa volta, evitai toda
luta com os gentios.
20 A Simão foram dados três mil homens, para se dirigir à Galiléia, e a
Judas oito mil, para ocupar a terra de Galaad.
16
21 Simão tomou, portanto, o caminho da Galiléia e sustentou muitos
combates, esmagando diante dele as nações,
22 as quais perseguiu até as portas de Ptolemaida. Perto de três mil
gentios caíram e ele se apoderou de seus despojos.
23 Com grandes manifestações de regozijo, conduziu à Judéia os judeus
que se achavam na Galiléia e em Arbates, bem como suas mulheres,
seus filhos e tudo o que eles possuíam.
24 Por seu lado, Judas Macabeu e seu irmão Jônatas atravessaram o
Jordão e andaram três dias pelo deserto.
25 Encontraram os nabateus, os quais se aproximaram deles
pacificamente e lhes contaram tudo aquilo que tinha acontecido a seus
irmãos em Galaad,
26 dizendo que muitos dentre eles haviam sido encerrados em Bosra e
Bosor, em Alema, em Casfor, em Maked, e em Carnaim, todas elas
cidades grandes e fortificadas.
27 Eles estão também reunidos, acrescentaram eles, nas outras cidades
de Galaad. Seus inimigos se preparam para atacar amanhã suas
fortificações, apoderar-se deles e exterminá-los num só dia.
28 Judas mudou de caminho e atravessou o deserto para alcançar Bosor
de improviso. Tomou a cidade, mandou passar a fio de espada todos os
homens, apoderou-se dos espólios e incendiou a cidade.
29 Na mesma noite partiu e atacou a fortaleza.
30 No entanto, ao romper do dia, seus homens, erguendo os olhos,
viram uma multidão incalculável carregando escadas e máquinas para
escalar de assalto a fortaleza, e começando já o ataque.
31 Enquanto a cidade erguia um clamor, misturado ao som da trombeta
e um ruído formidável, viu Judas que o ataque estava começado
32 e disse a seus homens: Pelejai hoje por vossos irmãos.
33 Separou-os em três batalhões e apareceu na retaguarda do inimigo,
tocando a trombeta e erguendo preces em alta voz.
34 O exército de Timóteo conheceu que era Macabeu e fugiu diante
dele. Sofreu uma grande derrota e tombaram nesse dia oito mil
homens.
35 Judas voltou-se em seguida para Alema; atacou-a e conquistou-a de
assalto. Matou todos os homens, tomou seus despojos e incendiou-a.
36 Dali continuou e apoderou-se de Casfor, de Maked, de Bosor e das
outras cidades de Galaad.
37 Depois de tudo o que temos acabado de dizer, Timóteo reuniu um
novo exército, acampou do outro lado da corrente, defronte de Rafon.
38 Imediatamente Judas mandou alguém espionar sua posição, e
vieram-lhe dizer: Todas as nações circunvizinhas se uniram contra nós
formando um poderoso exército.
39 Tomaram em seu auxílio mercenários árabes, e se estabeleceram do
outro lado do rio, prontos a atravessá-lo, para vir atacar-te. Judas foi
17
então contra ele.
40 Ao chegar Judas com suas tropas à torrente, disse Timóteo, por sua
vez, aos oficiais de seu exército: Se ele atravessar primeiro a torrente
contra nós, nós não lhe poderemos resistir, porque terá vantagem sobre
nós;
41 mas se ele temer passar e acampar do outro lado do rio, nós
atravessaremos e teremos vantagem sobre ele.
42 Ora, logo que chegaram à torrente, Judas pôs ao longo do rio os
escribas do povo, com a seguinte ordem: Não deixeis ninguém se
instalar aqui, mas venham todos ao combate.
43 E foi ele o primeiro a se arrojar, e todo o povo o seguiu. Os gentios
foram derrotados aos seus olhares, lançaram suas armas e fugiram para
o templo de Carnaim.
44 Os judeus, porém, apoderaram-se da cidade e incendiaram o templo,
com todos aqueles que ali se achavam. Carnaim foi assolada e não pôde
mais resistir a Judas.
45 Este reuniu todos os judeus da terra de Galaad, do menor ao maior,
as mulheres, as crianças e seus haveres, uma multidão enorme que ele
resolveu conduzir à terra de Judá.
46 Caminharam até Efron, cidade muito grande e bem fortificada, que
se achava no caminho da volta. Não se podia contorná-la nem pela
direita, nem pela esquerda, mas era preciso atravessá-la.
47 Os habitantes fecharam as portas e se entrincheiraram com pedras.
Judas, todavia, enviou-lhes mensageiros com palavras de paz:
48 Atravessaremos vossa terra, para irmos à nossa, e ninguém vos
molestará, apenas passaremos. Mas eles não lhes quiseram abrir o
acesso.
49 Então Judas ordenou que cada um em seu posto se dispusesse para
a luta.
50 Todos os homens do exército se prepararam, pois. Durante todo o
dia e toda a noite assaltaram a cidade, e esta caiu em suas mãos.
51 Passaram a fio da espada todos os homens, destruíram
completamente a cidade, apoderaram-se dos espólios e atravessaram
por cima dos seus cadáveres.
52 Depois a caravana passou o Jordão, para chegar à grande planície,
em frente a Betsã.
53 Em caminho, Judas não cessava de ajuntar os retardatários e de
encorajar a multidão até que chegassem à terra de Judá.
54 Escalaram a montanha de Sião com alegria e regozijo e ofereceram
holocaustos, por terem voltado em paz, sem que ninguém dentre eles
tivesse sucumbido.
55 Ora, enquanto Judas se achava em Galaad com Jônatas, e seu irmão
Simão na Galiléia diante de Ptolemaida,
56 José, filho de Zacarias, e Azarias, à frente de suas tropas, souberam
18
de seus feitos heróicos e de suas proezas.
57 Façamos também nós célebre o nosso nome, disse um para o outro,
e vamos combater nações vizinhas.
58 Transmitiram ordens às forças, que eles tinham consigo, e foram
contra Jânia.
59 Mas Górgias saiu com seus homens para opor-se à sua investida.
60 José e Azarias foram postos em fuga e perseguidos até as fronteiras
da Judéia. Pereceram nesse dia cerca de dois mil homens de Israel, e foi
grande a derrota do povo,
61 isso porque não haviam escutado Judas, supondo que mostrariam
seu valor,
62 mas não pertenciam à raça desses homens, a quem era dado salvar
Israel.
63 O valoroso Judas e seus irmãos foram de modo particular honrados
por todo o povo de Israel e por todas as nações onde penetrava seu
nome.
64 Vinham em grande número para aclamá-los.
65 Entrementes, Judas e seus irmãos partiram para combater os filhos
de Esaú, que habitavam no sul. Abateu Hebron e seus arrabaldes,
destruiu as fortificações e queimou todas as torres dos arredores.
66 Partiu ainda para atingir a terra dos estrangeiros e atravessou
Marisa.
67 Naquele dia pereceram alguns sacerdotes no combate, por terem
querido mostrar sua valentia, saindo imprudentemente para travarem
combate.
68 Judas voltou para Azot, na terra dos estrangeiros, derrubou seus
altares, queimou seus ídolos, sujeitou suas cidades à pilhagem e em
seguida voltou para a terra de Judá.
Capítulo 6
1 Enquanto percorria as províncias superiores, soube o rei Antíoco que
na Pérsia, em Elimaida, havia uma cidade famosa por suas riquezas, sua
prata e ouro.
2 Seu templo, extremamente rico, possuía véus de ouro, escudos,
couraças e armas, abandonados ali por Alexandre, filho de Filipe, rei da
Macedônia, que foi o primeiro a reinar sobre a Grécia.
3 Dirigiu-se ele para essa cidade, com a finalidade de tomá-la e pilhá-la,
mas foi em vão, porque os habitantes haviam sido prevenidos.
4 Eles se aprontaram para lhe resistir e ele teve que voltar de lá, para
alcançar Babilônia com grande humilhação.
5 E eis que, na Pérsia, um mensageiro veio dizer-lhe que as tropas
enviadas à Judéia tinham sido derrotadas,
19
6 e que Lísias, tendo partido a princípio com um poderoso exército,
havia fugido na presença dos judeus, os quais haviam aumentado ainda
suas forças com armas e tropas e se tinham enriquecido com todo o
material raptado de seus campos devastados.
7 Eles tinham também destruído a abominação edificada por ele sobre o
altar, em Jerusalém, e haviam cercado o templo com altas muralhas,
como outrora, assim como a cidade de Betsur.
8 Ouvindo essas novas, o rei ficou irado e profundamente perturbado.
Atirou-se à cama e caiu doente de tristeza, porque os acontecimentos
não tinham correspondido à sua expectativa.
9 Passou assim muitos dias, porque sua mágoa se renovava sem cessar,
e pensava na morte.
10 Mandou chamar todos os seus amigos e lhes disse: O sono fugiu dos
meus olhos e meu coração desfalece de tristeza.
11 Eu repito para mim mesmo: Em que aflição fui eu cair e a que
desolação fui eu reduzido até o presente, eu que era bom e querido no
tempo de meu poder?
12 Mas agora eu me lembro dos males que causei em Jerusalém, de
todos os objetos de ouro e de prata que saqueei, e de todos os
habitantes da Judéia que exterminei sem motivo.
13 Reconheço que foi por causa disso que todos esses males me
fulminaram, e agora morro de tristeza numa terra estrangeira.
14 Ele chamou Filipe, um de seus amigos, e constituiu-o regente de
todo o seu reino.
15 Entregou-lhe seu diadema, seu manto, e seu anel, com a
responsabilidade de guiar seu filho Antíoco e de educá-lo para sua
realeza.
16 O rei Antíoco morreu ali no ano cento e quarenta e nove.
17 Por sua vez soube Lísias que o rei havia morrido e elevou ao trono
seu filho Antíoco que ele havia educado desde a infância, e a quem ele
dera o nome de Eupator.
18 Nesse ínterim, os ocupantes da cidadela importunavam os judeus
que se dirigiam ao templo, procuravam constantemente causar-lhes
dano, para apoiar os gentios.
19 Judas resolveu arrancar-lhes das mãos a cidadela e convocou todo o
povo para sitiá-los.
20 Reuniram-se, portanto, para começar o cerco no ano cento e
cinqüenta, e construíram balistas e máquinas.
21 Mas alguns dos sitiados, aos quais se juntaram alguns israelitas
perversos, fugiram
22 e correram ao rei para lhe dizer: Até quando deixarás de fazer justiça
e vingar nossos irmãos?
23 Julgamos bom servir a teu pai, obedecer suas ordens e seguir suas
leis;
20
24 e os filhos de nosso povo se afastaram de nós como dos
estrangeiros. Eles cercam a cidadela; mal capturam um dos nossos,
matam-no e pilham os nossos bens.
25 E não é somente sobre nós que eles estendem a mão, mas ainda
contra os povos vizinhos.
26 Eis que hoje eles se empossaram da cidadela, para serem senhores
do templo e da cidade, e fortificaram Betsur.
27 Se tu não os prevenires, farão ainda piores males e tu não poderás
mais detê-los.
28 A estas palavras o rei se encolerizou e convocou todos os seus
amigos, os generais de seus exércitos e os chefes de sua cavalaria.
29 E ajuntaram-se a ele outros reinos e ilhas marítimas, tropas de
mercenários;
30 e seu exército atingiu a cem mil infantes, vinte mil cavaleiros e trinta
e dois elefantes, prontos para a guerra.
31 Atravessaram eles a Iduméia e acamparam defronte a Betsur, onde
combateram por muito tempo; construíram máquinas, mas os sitiados
saíram e lançaram fogo, lutando com coragem.
32 Abandonando a cidadela, veio Judas estabelecer-se em Betzacara,
defronte do campo de luta do rei.
33 Ao amanhecer, levantou-se o rei e dirigiu impetuosamente suas
tropas em direção a Betzacara: as forças se prepararam para o
combate, e soaram as trombetas.
34 Mostraram aos elefantes suco de uvas e de amoras para incitá-los ao
combate.
35 Foram repartidos nas falanges, pondo-se em volta de cada elefante
mil homens armados de cotas de malhas e de capacetes de bronze para
a cabeça, e quinhentos cavaleiros escolhidos estavam igualmente ao
redor de cada animal.
36 Esses cavaleiros tinham o costume de estar com o animal onde quer
que ele estivesse e de ir aonde ele ia sem jamais se afastarem dele.
37 Sobre cada um havia também fortes torres de madeira, muito firmes
e defendidas pelas máquinas. Sobre cada um achavam-se também
valentes guerreiros, que combatiam lá em cima, e, finalmente, seu
condutor indiano.
38 O restante da cavalaria, colocada de um lado e de outro, nas duas
alas, manobrava cobrindo as falanges.
39 Quando o sol brilhou sobre os escudos de ouro e bronze, a montanha
resplandeceu, como que iluminada por outras tantas lâmpadas.
40 Uma parte das tropas do rei se espalhou sobre as colinas e outra na
planície, caminhando com precaução e em boa ordem.
41 O ruído de seu número, de sua marcha, da colisão de suas armas era
pavoroso, porque era um exército extremamente numeroso e possante.
42 Judas, no entanto, avançou com os seus para travar a batalha, e
21
seiscentos homens do exército do rei foram aniquilados.
43 Eleazar, cognominado Avarã, viu que um dos elefantes estava
armado com um couraçado real e ultrapassava todos os outros; ele
julgou que o rei o montasse.
44 Projetou então salvar todo o povo e conquistar um nome eterno.
45 Precipitou-se audaciosamente nessa direção, para o meio da falange,
matando à direita e à esquerda e separando o inimigo de lado a lado.
46 Meteu-se debaixo do elefante e, tomando posição abaixo dele,
matou-o. O animal rolou sobre ele, e ele morreu ali.
47 No entanto, averiguando o poder do exército real e a impetuosidade
de suas tropas, retiraram-se os judeus.
48 Mas os soldados do rei subiram-lhe ao encontro até Jerusalém,
dirigindo-se então o rei à Judéia e ao monte Sião.
49 Fez igualmente a paz com os habitantes de Betsur, porquanto estes
saíram da cidade, porque já não tinham víveres para continuarem ali,
pois era o ano sabático.
50 Assim o rei apoderou-se da cidade e pôs nela uma guarnição.
51 Por muitos dias cercou a cidade santa, construiu máquinas,
guindastes para lançar fogo ou pedras, escorpiões para lançar flechas e
fundas.
52 De seu lado, os sitiados construíram também máquinas, para se
oporem aos seus inimigos, e combateram por muito tempo.
53 Todavia faltavam víveres nos celeiros, por ser o sétimo ano e todos
os que se achavam refugiados na Judéia, para fugir dos gentios, haviam
esgotado o resto da reserva.
54 Restavam afinal poucos homens para a defesa do templo, atingidos
como estavam pela fome e por dispersarem-se cada um para sua casa.
55 Filipe, que antes de morrer o rei Antíoco fora designado para educar
seu filho Antíoco para a realeza,
56 tinha chegado da Pérsia e da Média com o exército do rei e procurava
apoderar-se do governo.
57 Soube-o Lísias e apressou a partida dizendo ao rei, aos oficiais e aos
homens: Nós nos vamos enfraquecendo aqui dia por dia, temos poucos
víveres, e o lugar que sitiamos é forte, enquanto nos devemos ocupar
com os negócios do reino.
58 Estendamos a mão a esses homens e façamos paz com eles e com
toda a sua raça.
59 Deixemo-los viver como outrora segundo as suas próprias leis,
porque foi por causa dessas leis que nós abolimos, que eles se
revoltaram e fizeram tudo isso.
60 Essa proposta agradou ao rei e aos generais. Enviou, pois, alguém
para tratar da paz com os sitiados, que a aceitaram.
61 Sob a palavra do juramento feito pelo rei e os generais,
abandonaram a fortaleza.
22
62 O rei subiu o monte Sião e visitou as fortificações, mas quebrou a
palavra dada e ordenou a destruição da muralha.
63 Em seguida, partiu a toda a pressa, recuperou Antioquia, onde achou
Filipe como senhor da cidade. Atacou-a e tomou a cidade à força.
Capítulo 7
1 No ano cento e cinqüenta e um, Demétrio, filho de Seleuco, escapou
de Roma e, com alguns companheiros, alcançou uma cidade marítima
onde se proclamou rei.
2 Quando ele entrou no palácio real de seus pais, o exército se apoderou
de Antíoco e de Lísias para conduzi-los a ele.
3 Soube-o o rei e disse: Não me mostreis a sua face.
4 E o exército os matou, e Demétrio sentou-se no trono que lhe cabia.
5 Todos os traidores e os ímpios de Israel achegaram-se dele sob a
chefia de Alcimo, que aspirava tornar-se sumo sacerdote.
6 Acusaram o povo nestes termos: Judas e seus irmãos mataram todos
os teus amigos e nos expulsaram de nosso país.
7 Envia portanto, agora, um homem que possua tua confiança e que
venha ver em que triste situação nos puseram, a nós e ao país que
pertence ao rei, para castigar a eles e a todos os seus partidários.
8 O rei escolheu Báquides, um de seus amigos, então governador além
do rio, um dos grandes do reino e fiel ao rei. Enviou-o
9 com o ímpio Alcimo, a quem destinou o cargo de sumo sacerdote, e
deu-lhe ordem de tomar vingança dos filhos de Israel.
10 Partiram, pois, e tomaram o caminho do país de Judá com um forte
exército, enviando a Judas e seus irmãos palavras de paz capciosas.
11 Vendo-os chegar com numerosas tropas, estes não lhes deram
ouvido.
12 Houve todavia um grupo de escribas que foi ter com Alcimo e
Báquides, com palavras de justas reivindicações.
13 Estes assideus, que eram os mais benquistos em Israel, pediam-lhes
a paz.
14 Diziam entre si: É um sacerdote da raça de Aarão que vem a nós
com exército, ele não nos fará mal algum.
15 Alcimo trocou com eles palavras de paz e lhes jurou: Não faremos
mal nem a vós, nem a vossos amigos.
16 Acreditaram neles, mas ele apoderou-se de sessenta deles e
mandou-os matar no mesmo dia, conforme estava escrito:
17 Espalharam a carne e o sangue dos teus santos ao redor de
Jerusalém, e não havia ninguém para sepultá-los (Sl 78,3).
18 O assombro e o terror apoderou-se do povo, porque se dizia: Não há
entre eles nem verdade nem justiça, depois que violaram o pacto e o
23
juramento, que haviam confirmado.
19 Báquides afastou-se de Jerusalém e instalou seu acampamento em
Bezet, onde prendeu e lançou numa grande cisterna muitos desertores
de seu exército e algumas pessoas do país.
20 Confiou a terra nas mãos de Alcimo e, deixando-lhe um exército para
socorrê-lo, regressou para junto do rei.
21 Entretanto, Alcimo teve que lutar para se impor como sumo
sacerdote.
22 Agrupavam-se ao redor dele todos os perturbadores do povo com os
quais ele se tornara senhor da terra de Judá e foi um tempo doloroso
para Israel.
23 Judas viu que o mal que Alcimo e seus cúmplices faziam aos filhos de
Israel era pior ainda que o mal praticado pelos gentios.
24 Por isso percorreu ele toda a terra da Judéia, até as fronteiras,
vingando-se dos traidores e impedindo-lhes a volta ao país.
25 Vendo Alcimo que Judas com os seus eram mais fortes e
reconhecendo sua impotência em lhes resistir, refugiou-se junto do rei e
acusou-os dos piores crimes.
26 O rei enviou Nicanor, general eminente, que detestava e odiava
Israel, com a ordem de exterminar esse povo.
27 Nicanor partiu para Jerusalém com um numeroso exército e mandou
levar a Judas e a seus irmãos falsas palavras de paz:
28 Que não haja guerra entre vós e mim. Chegarei somente com um
punhado de homens para te ver, como amigo.
29 Com efeito, ele chegou e saudaram-se pacificamente, mas seus
soldados se achavam prontos para se lançarem sobre Judas.
30 Todavia, Judas estava a par dos desígnios pérfidos de Nicanor a
afastou-se dele, recusando vê-lo de novo.
31 Reconheceu Nicanor que seu projeto fora descoberto e propôs a
Judas uma batalha perto de Cafarsalama.
32 Foram mortos do seu exército quinhentos homens e o resto fugiu
para a cidade de Davi.
33 Após o combate, subiu Nicanor a colina de Sião, e sacerdotes saíram
do templo com anciãos do povo, para saudá-lo em espírito de paz, e
mostrar-lhe o holocausto que se oferecia pelo rei,
34 mas ele escarnecia deles, dirigia-lhes mofas, desprezava-os e falavalhes
com desdém,
35 jurando em sua ira: Se Judas não me for entregue imediatamente
com seu exército, afirmo, logo que estabelecer a paz, retornarei e
lançarei fogo a esta casa. Partiu depois todo enfurecido.
36 Então os sacerdotes entraram, e, em pé diante do altar e do templo,
choraram dizendo:
37 Fostes vós que escolhestes esta casa, para que se invoque nela
vosso nome e para que ela seja uma casa de súplicas, de orações pelo
24
vosso povo.
38 Tomai vingança desse homem e de seu exército, e que eles caiam
sob o golpe da espada. Lembrai-vos de suas blasfêmias e não permitais
que eles vivam.
39 Saiu Nicanor de Jerusalém e acampou em Beteron, onde um exército
sírio se lhe ajuntou.
40 Judas acampou em Adasa com três mil homens e começou a rezar
nestes termos:
41 Quando os soldados enviados pelo rei da Síria vos blasfemaram,
apareceu vosso anjo e matou cento e oitenta e cinco mil homens dentre
eles.
42 Do mesmo modo exterminai hoje este exército aos nossos olhos,
para que os outros saibam que Nicanor insultou vosso templo, e julgai-o
segundo sua perfídia.
43 Chocaram-se os exércitos no dia treze do mês de Adar; o de Nicanor
foi vencido e ele foi o primeiro a tombar na luta.
44 Assim que as tropas de Nicanor viram que ele fora morto, largaram
as armas e fugiram.
45 Os judeus perseguiram-nos todo o dia desde Adasa até Gazara e
fizeram soar as trombetas dos sinais.
46 E saíram então os habitantes de todas as aldeias da Judéia e dos
arredores, para cercar os fugitivos. Estes voltaram de encontro a eles e
caíram todos sob a espada. E não sobrou nem mesmo um dentre eles.
47 Os judeus apoderaram-se de seus despojos e haveres. Cortaram a
cabeça de Nicanor e a mão direita que ele orgulhosamente estendera, e
suspenderam-nas à vista de Jerusalém.
48 Alegrou-se muito o povo que passou aquele dia em grande regozijo.
49 Decidiu-se que esse dia seria celebrado a cada ano no dia treze do
mês de Adar.
50 Após isso, a terra de Judá esteve tranqüila durante algum tempo.
Capítulo 8
1 Pela voz da fama soube Judas que os romanos eram extremamente
poderosos, que se mostravam benevolentes para com seus aliados, e
que a todos os que recorriam a eles ofereciam sua amizade, porque
eram verdadeiramente potentes.
2 Contaram-lhe também seus combates, suas façanhas junto aos
gauleses, aos quais haviam vencido e subjugado;
3 como haviam chegado à Espanha para se apoderar das minas de prata
e de ouro que ali existem e, como, por sua sabedoria e longanimidade,
eles haviam conciliado todo o país,
4 por mais que ele fosse afastado deles; como haviam derrotado reis
25
que haviam surgido contra eles das extremidades da terra, e os haviam
aniquilado devidamente, enquanto outros lhes pagavam o tributo anual.
5 Filipe Perseu, rei dos ceteus, e outros se haviam insurgido contra eles,
mas tinham sido derrotados e subjugados.
6 Antíoco, o Grande, rei da Ásia, lhes tinha movido guerra com cento e
vinte elefantes, cavalaria, carros e um numeroso exército, mas havia
sido aniquilado por eles.
7 Eles o haviam tomado vivo e haviam imposto a ele e aos seus
sucessores um grande tributo, a entrega de reféns e a cessão de um
território,
8 arrebatando-lhe a Índia, a Média, a Lídia e suas melhores regiões que
eles deram ao rei Eumenes.
9 Os gregos haviam querido atacá-los para exterminá-los, mas eles o
souberam
10 e enviaram um general que os atacou, levando a perecer um grande
número, arrastou ao cativeiro suas mulheres e seus filhos, saqueou e
tornou-se senhor do país, destruiu suas praças fortes e os reduziu à
servidão, que ainda durava.
11 Haviam eles igualmente arruinado e subjugado ao seu domínio os
outros reinos e as ilhas, que lhes haviam resistido.
12 Por outro lado, conservavam sua proteção a seus amigos e aliados,
estendiam seu poder sobre os reinos vizinhos ou distantes e todos os
que ouviam pronunciar seu nome, temiam-nos.
13 Aqueles que eles queriam auxiliar e ver reinar, reinavam com efeito,
mas os que eles não queriam, eram exilados. Engrandeciam-nos muito.
14 Apesar de tudo isso, ninguém deles trazia diadema, nem se envolvia
com púrpura, para se engrandecer.
15 Eles tinham estabelecido entre si um conselho supremo onde, cada
dia, trezentos e vinte conselheiros discutiam assuntos do povo, para
governá-lo bem.
16 Cada ano confiavam a autoridade suprema a um só homem, que
comandava em todo o território e todos obedeciam a um só, sem haver
ali entre eles nem inveja nem ciúme.
17 Escolheu Judas a Eupolemo, filho de João, filho de Acos, e Jasão,
filho de Eleazar, e enviou-os a Roma, para estabelecer amizade e
aliança com eles,
18 pedindo-lhes que os libertasse do jugo que os gregos, como estavam
vendo, faziam pesar sobre Israel, reduzindo-o à escravidão.
19 Dirigiram-se eles a Roma, apesar da duração da viagem, e entraram
no Senado, onde disseram:
20 Judas Macabeu, seus irmãos e todo o povo de Israel nos enviaram a
vós, para concluir aliança e paz, e para que nos conteis entre vossos
amigos e aliados.
21 Essa linguagem agradou aos romanos e
26
22 eis a cópia da carta que os romanos mandaram gravar sobre
tabuletas de bronze e enviaram a Jerusalém, para ali ficar como
memorial da paz e da amizade de sua parte:
23 Felicidade para sempre aos romanos e ao povo judeu, por terra e por
mar! Longe deles esteja a espada e o inimigo!
24 Se sobrevier uma guerra contra os romanos ou contra um de seus
aliados em todo império,
25 o povo judeu tome as armas por sua vez, conforme o permitirem as
circunstâncias e isso de boa vontade.
26 Não fornecerão aos adversários nem trigo, nem armas, nem
dinheiro, nem navios, segundo a vontade dos romanos. Os judeus
observarão esses contratos sem receber nada.
27 Por outro lado, se for o povo judeu o atacado, os romanos tomarão
armas voluntariamente por eles conforme as circunstâncias o indicarem.
28 E não será fornecido aos combatentes nem trigo, nem armas, nem
dinheiro, nem navios, conforme a vontade de Roma, e esses contratos
serão observados sem fraude.
29 Por essas palavras os romanos aliaram-se com os judeus.
30 Se uns ou outros contratantes quiserem ajuntar ou subtrair e essas
cláusulas, farão a proposta, e o que for acrescentado ou tirado será
ratificado.
31 Pelo que toca aos danos causados pelo rei Demétrio, eis o que nós
lhe escrevemos: Por que fizestes pesar vosso jugo sobre os judeus,
nossos amigos e aliados?
32 Se, pois, eles vierem a nós outra vez contra vós, nós lhes faremos
justiça e vos combateremos, por terra e mar.
Capítulo 9
1 Soube logo Demétrio do fim de Nicanor e da aniquilação de seu
exército e resolveu enviar pela segunda vez Báquides e Alcimo à terra
de Judá, com a ala direita de suas tropas.
2 Estes tomaram o caminho que leva a Gálgala, e acamparam em frente
de Mezalot, no distrito de Arbelas; apoderaram-se da cidade e mataram
um grande número de habitantes.
3 No primeiro mês do ano cento e cinqüenta e dois colocaram cerco
diante de Jerusalém,
4 depois eles se apartaram e foram a Berzet com cento e vinte mil
homens e dois mil cavaleiros.
5 Judas estava acampado em Elasa, e três mil homens de escol estavam
com ele.
6 Todavia, ante o número considerável de seus adversários, ficaram
tomados de pânico; muitos se retiraram do acampamento e, por fim, ali
27
ficaram não mais que oitocentos homens.
7 Verificando Judas a dispersão de seu exército e a iminência do
combate, sentiu seu coração angustiado, porque já não tinha tempo de
reunir os fugitivos.
8 Consternado, disse aos que tinham ficado: Vamos, e ataquemos o
inimigo, talvez possamos combatê-lo!
9 Mas eles o desviavam disso, dizendo: Nós não poderemos. Salvemos
antes nossas vidas agora; voltaremos depois com nossos irmãos e
travaremos a batalha; mas neste momento somos muito poucos.
10 Livre-nos Deus, disse Judas, que proceda desse modo e que eu me
salve diante deles. Se chegou a nossa hora, morramos corajosamente
por nossos irmãos e não deixemos uma nódoa sequer em nossa
memória.
11 O exército do inimigo saiu do acampamento e tomou posição diante
deles: a cavalaria se dividiu em dois batalhões, os fundibulários e os
flecheiros se colocaram à frente e todos os mais valentes postaram-se
na primeira fileira.
12 Báquides achava-se na ala direita e, ao som das trombetas, a
falange avançou dos dois lados.
13 Os soldados de Judas tocaram também as trombetas e a terra foi
abalada pelo tumulto das armas. O combate se prolongou desde a
manhã até à tarde.
14 Viu Judas que Báquides se encontrava à direita com a mais forte
porção de seu exército, e cercado dos mais corajosos dos seus.
15 Rompeu ele essa ala direita e a perseguiu até o sopé da montanha.
16 Mas a ala esquerda, vendo derrotada a direita, lançou-se atrás nas
pegadas de Judas e dos seus soldados.
17 O combate tornou-se mais encarniçado, e, tanto de um como de
outro lado, caíram muitos feridos.
18 Judas mesmo caiu morto, e então todos os outros fugiram.
19 Jônatas e Simão levaram Judas, seu irmão, e enterraram-no no
sepulcro de seus pais em Modin.
20 Todo o povo de Israel caiu na desolação e o chorou longamente,
guardando o luto por vários dias, dizendo:
21 Como sucumbiu o valente salvador de Israel?
22 O resto das façanha de Judas, de seus combates, de seus feitos
heróicos e atos gloriosos não foram escritos: eles são, com efeito, por
demais numerosos.
23 Ora, após a morte de Judas, aconteceu que os perversos
reapareceram em todas as fronteiras de Israel e todos os que
praticavam o mal deram-se a conhecer.
24 Naqueles dias dominou também uma grande fome, e todo o país
passou para o inimigo com eles.
25 Báquides escolheu homens ímpios, para colocá-los nos postos de
28
comando.
26 Estes procuravam com empenho os amigos de Judas e os conduziam
a Báquides, que se vingava deles e os escarnecia.
27 A opressão que caiu sobre Israel foi tal, que não houve igual desde o
dia em que tinham desaparecido os profetas.
28 Reuniram-se todos os amigos de Judas e disseram a Jônatas:
29 Após a morte de Judas, teu irmão, não há mais ninguém como ele,
para opor-se a nossos inimigos, a Báquides e aos que odeiam nossa
raça.
30 Por isso, nós te escolhemos hoje por chefe, para nos conduzires ao
combate.
31 A partir dessa hora, Jônatas tomou o comando e assumiu o lugar de
seu irmão Judas.
32 Tendo Báquides conhecimento disso, procurava matá-lo,
33 mas, advertidos, Jônatas, seu irmão Simão e todos os seus
companheiros fugiram ao deserto de Técua, onde acamparam junto às
águas da cisterna de Asfar.
34 Soube-o Báquides no dia de sábado e atravessou o Jordão com todo
o seu exército.
35 Nesse ínterim, Jônatas havia enviado seu irmão, chefe do povo, aos
nabateus, seus amigos, rogando-lhes se podiam guardar as suas
bagagens, que eram numerosas.
36 Mas os filhos de Jambri saíram de Medaba, apoderaram-se de João e
de tudo o que ele tinha e o levaram.
37 Logo em seguida disseram a Jônatas e a seu irmão Simão que os
filhos de Jambri celebravam um grande casamento, e traziam de
Nadabá, com grande pompa, a jovem esposa, filha de um dos maiores
príncipes de Canaã.
38 Lembraram-se do sangue de seu irmão João, e retiraram-se para a
montanha, onde se ocultaram.
39 Erguendo os olhos, eles se puseram de espreita, e eis que em grande
tumulto e com grande aparato, o esposo saía com seus amigos e seus
irmãos na direção dessa, com tambores, instrumentos de música e uma
considerável equipagem.
40 Os companheiros de Jônatas saíram então de seu esconderijo, e
lançaram-se sobre eles, para massacrá-los. Muitos caíram aos seus
golpes e os restantes fugiram para a montanha, enquanto os agressores
apoderavam-se de seus despojos.
41 Assim a boda transformou-se em luto e os sons de música, em
lamentações.
42 Dessa maneira os judeus vingaram-se do sangue de seu irmão, e
voltaram à margem do Jordão.
43 Soube-o Báquides e, no dia de sábado, avançou com um poderoso
exército até a margem do Jordão.
29
44 Dirigindo-se então a seus companheiros, disse-lhes Jônatas: Vamos,
pelejemos agora por nossa vida, porque hoje não é como ontem e
anteontem.
45 Eis a batalha diante e atrás de nós; de um lado e de outro do rio
Jordão,
um pântano, um bosque: não há meio de escapar.
46 Clamai, pois, agora ao céu, para nos livrar de nossos inimigos. E
travou-se o combate.
47 Jônatas estendeu a mão para ferir Báquides, mas este se afastou e o
evitou.
48 Então Jônatas e seus companheiros atiraram-se ao Jordão e
passaram, a nado, para a outra margem, sem que o inimigo
atravessasse atrás dele.
49 Naquele dia caíram cerca de mil homens da parte de Báquides. Este
voltou a Jerusalém;
50 edificou fortalezas na Judéia, e consolidou com densos muros, portas
e fechaduras, as fortificações de Jericó, Emaús, Betoron, Betel, Tanata,
Faraton, e de Tefon.
51 E colocou nelas guarnições para importunar Israel.
52 Fortificou igualmente Betsur, Gasara e a cidadela, onde ele deixou
tropas e depósitos de víveres.
53 Tomou como reféns os filhos dos importantes do país, e os mandou
guardar na cidadela de Jerusalém.
54 No segundo mês do ano cento e cinqüenta e três, ordenou Alcimo a
destruição do muro do pátio interior do santuário e, deitando a mão
sobre a obra dos profetas, começou por destruí-la.
55 Neste instante, porém, Alcimo foi ferido por Deus e seu plano foi
suspenso. Ficou ele com a boca fechada pela paralisia e não pôde mais
dizer uma palavra, nem dar ordens relativamente à sua casa;
56 morreu depois atormentado por grandes sofrimentos.
57 Vendo Báquides essa morte, retirou-se para perto do rei, e a terra de
Judá permaneceu em paz durante dois anos.
58 Mas, entre os judeus, os maus conspiravam, dizendo: Eis que
Jônatas e os seus vivem em paz e descuidados aproveitemos para
chamar Báquides, que os exterminará numa só noite.
59 Foram eles, pois, aconselhá-lo
60 e ele se pôs a caminho com um grande exército. Secretamente
enviou mensageiros aos partidários que ele possuía junto aos judeus,
para que eles lançassem mão sobre Jônatas e seus companheiros; mas
eles não conseguiram, porque seu plano tinha sido descoberto.
61 Pelo contrário, cinqüenta dos principais cabeças da conjuração foram
presos e mortos.
62 Quanto a Jônatas, fugiu com Simão e seus partidários até Betbasi, no
deserto, ergueram as suas ruínas, e fortificaram-se nelas.
30
63 Logo que Báquides o soube, reuniu todo o seu exército e foi avisar
seus amigos da Judéia.
64 Veio acampar defronte a Betbasi, que ele sitiou por muito tempo,
construindo máquinas.
65 Jônatas, deixando na cidade seu irmão Simão, ganhou o campo com
um pequeno número de homens.
66 Matou Odomera e seus irmãos na sua própria tenda, bem como os
filhos de Fasiron, e começou a dar combates e aumentar em número.
67 Do outro lado, Simão e seus homens saíram da cidade e incendiaram
as máquinas.
68 Travaram combate com Báquides que foi derrotado por eles e ficou
muito entristecido pela presunção e insucesso de sua tentativa.
69 Por isso mostrou-se irritadíssimo contra os maus judeus que o
haviam aconselhado a vir à sua terra; mandou matar a muitos e decidiu
voltar a seu país.
70 Sabendo disso, enviou-lhe Jônatas mensageiros para propor-lhe a
paz e a devolução dos prisioneiros.
71 Ele os recebeu, aceitou a proposta e jurou nunca mais tentar nada de
mal contra eles, por todos os dias de sua vida.
72 Restituiu os prisioneiros que havia feito anteriormente na Judéia e
voltou a seu país, para nunca mais tentar reaparecer junto aos judeus.
73 A espada repousou em Israel e Jônatas fixou residência em Macmas;
ali começou a julgar o povo e exterminou os ímpios de Israel.
Capítulo 10
1 No ano cento e sessenta, Alexandre Epífanes, filho de Antíoco,
embarcou e veio ocupar Ptolemaida, onde foi acolhido e proclamado rei.
2 Soube-o o rei Demétrio, que reuniu um numerosíssimo exército e
atacou-o.
3 Enviou a Jônatas uma carta cheia de palavras de paz, para lisonjeá-lo,
4 dizendo consigo mesmo: Apressemo-nos em fazer a paz com os
judeus, antes que eles a façam com Alexandre contra nós,
5 porque certamente eles se lembram do mal que lhes fizemos, a eles, a
seus irmãos e à sua raça.
6 Concedeu-lhe a liberdade de reunir tropas, de fabricar armas e de ser
seu aliado e mandou-lhe entregar os reféns aprisionados na cidadela.
7 Jônatas veio então a Jerusalém e leu a mensagem diante do povo todo
e diante das tropas que ocupavam a cidadela.
8 Estes ficaram tomados de um grande medo, quando souberam que o
rei lhe havia permitido levantar um exército;
9 os guardas lhe entregaram os reféns e ele os entregou a seus pais.
10 Ficou habitando em Jerusalém e começou a edificar e a restaurar a
31
cidade.
11 Ordenou aos que executavam os trabalhos, que construíssem ao
redor do monte Sião um muro de pedras de cantaria para sua
fortificação, e isso foi feito.
12 Os estrangeiros que se achavam nas fortalezas edificadas por
Báquides fugiram;
13 cada qual deixou seu posto para se refugiar no seu país.
14 Sobraram somente em Betsur alguns dos desertores da lei e dos
preceitos, porque achavam ali um refúgio seguro.
15 Entretanto, soube o rei Alexandre da carta que Demétrio havia
enviado a Jônatas, e contaram-lhe as batalhas e feitos deste e de seus
irmãos, como também os trabalhos que tinham suportado.
16 Poderíamos nós achar, disse ele, um homem semelhante a este?
Procuremos imediatamente fazê-lo nosso amigo e nosso aliado.
17 Escreveu-lhe então e mandou-lhe uma carta lavrada nestes termos:
18 O rei Alexandre a seu irmão Jônatas, saúde!
19 Ouvimos dizer de ti, que tu és um homem ponderoso e forte e que
mereces a nossa amizade.
20 Por isso nós te constituímos desde agora sumo sacerdote de teu
povo, outorgamos-te o título de amigo do rei - mandou-lhe uma toga de
púrpura e uma coroa de ouro - e pedimos-te escolher nosso partido e
conservar-nos tua amizade.
21 No sétimo mês do ano cento e sessenta, pela festa dos Tabernáculos,
revestiu-se Jônatas com a túnica sagrada; organizou um exército e
ajuntou armas em quantidade.
22 Demétrio foi informado de tudo isso e inquietou-se:
23 Como fomos nós deixar que Alexandre nos precedesse, travando com
os judeus uma amizade, que o fortifica?
24 Eu também enviar-lhe-ei belas palavras, títulos e presentes, para
que eles passem ao meu lado e venham em meu auxílio.
25 E ele mandou-lhes levar uma mensagem nestes termos: O rei
Demétrio ao povo dos judeus, saúde!
26 Vós observastes nossos acordos, permanecestes fiéis à nossa
amizade, e não fizestes convenções com nossos inimigos; nós o
sabemos e regozijamo-nos com isso.
27 Ainda agora continuai a nos conservar a mesma fidelidade e vos
recompensaremos do que fazeis por nós:
28 isentar-vos-emos dos muitos impostos e vos cumularemos de
presentes.
29 Desde agora concedemo-vos a todos os judeus dispensa dos
impostos, da taxa do sal e das coroas.
30 Ao terço dos produtos do solo e à metade dos frutos das árvores,
que me pertencem, eu renuncio, a partir deste dia, a cobrar na terra de
Judá e dos três distritos de Samaria e da Galiléia, que lhe estão anexos;
32
isso desde agora e para sempre.
31 Que Jerusalém seja sagrada e isenta, com seu território, dos dízimos
e dos impostos.
32 Abandono também todo poder sobre a cidadela de Jerusalém e a
entrego ao sumo sacerdote, para que ele coloque ali como guardas os
homens que ele quiser.
33 Concedo gratuitamente a liberdade a todo cidadão judeu, em
cativeiro no meu reino e todos serão isentos de impostos, mesmo sobre
seus rebanhos.
34 Todos os dias solenes, os sábados, as neomênias, as festas
prescritas, os três dias anteriores às solenidades e os três dias
posteriores, serão dias de imunidade e de isenção para todos os judeus
que se acham no meu reino,
35 e ninguém poderá perseguir ou molestar quem quer que seja dentre
eles, por motivo algum.
36 Que se alistem no exército do rei até trinta mil judeus e que lhes
sejam dados os mesmos direitos que às tropas reais.
37 Colocar-se-á uma parte nas grandes fortalezas do rei, tomar-se-ão
alguns para postos de confiança do reino. Seus chefes e seus oficiais
serão escolhidos entre eles, seguirão suas próprias leis, como o exige o
rei para a Judéia.
38 Os três distritos de Samaria que foram anexados à Judéia lhe serão
incorporados de maneira que sejam considerados como sendo um só
com ela, e não obedeçam a nenhuma outra autoridade a não ser a do
sumo sacerdote.
39 Faço de Ptolemaida e de seu território doação ao templo de
Jerusalém, para prover seu sustento.
40 Darei também cada ano quinze mil siclos de prata das rendas do rei,
provenientes dos seus domínios.
41 Todo o dinheiro que os administradores dos negócios não tiveram
despendido, e que lhes sobrar, como nos anos passados, será destinado
à construção do templo.
42 Além disso será feita a entrega dos cinqüenta mil siclos de prata
cobrados cada ano das rendas do templo, porque essa soma pertence
aos sacerdotes que exercem o serviço do culto.
43 Todo aquele que se refugiar no templo de Jerusalém ou no seu
recinto, por motivo de dívida ao fisco, ou por qualquer coisa que seja,
será poupado, bem como tudo o que ele possui no meu reino.
44 As despesas para os trabalhos de construção e de restauração do
templo serão postas na conta do rei.
45 Do mesmo modo as despesas para a construção dos muros e do
recinto da cidade ficarão a cargo das rendas do rei, bem como os gastos
da construção das outras fortificações na Judéia.
46 Quando Jônatas e o povo ouviram essas propostas, não acreditaram
33
e não quiseram aceitá-las, lembrando-se de todo o mal que Demétrio
fizera a Israel e do quanto ele os havia oprimido.
47 Escolheram então o partido de Alexandre, porque ele tinha sido o
primeiro a lhes falar de paz, e foram sempre seus auxiliares.
48 Alexandre reuniu um grande exército e veio ao encontro de
Demétrio.
49 Os dois reis travaram o combate, mas o exército de Demétrio fugiu.
Perseguiu-o Alexandre, obtendo pleno êxito.
50 Combateu com ardor até o pôr-do-sol e Demétrio sucumbiu nesse
mesmo dia.
51 Então Alexandre enviou embaixadores a Ptolomeu o rei do Egito, com
a missão de lhe dizer:
52 Eis-me de volta ao solo do meu reino e assentado no trono de meus
pais; recobrei o poder, derrotei Demétrio e entrei na posse de meu país.
53 Travei batalha com ele, venci-o com seu exército e subi ao trono
onde ele reinava.
54 Façamos agora laços de amizade, dá-me tua filha por esposa e serei
teu genro, e vos cumularei, a ti e a ela, com presentes dignos de vós.
55 O rei Ptolomeu respondeu: Venturoso o dia em que entraste na terra
de teus pais e te assentaste no trono de seu reino!
56 Por isso dar-te-ei o que me pedes, mas vem ter comigo em
Ptolemaida, para que nos vejamos, e farei de ti o meu genro como
desejas.
57 Saiu Ptolomeu do Egito com sua filha Cleópatra, e foi a Ptolemaida
no ano cento e sessenta e dois.
58 Deu-a em casamento a Alexandre que lhe veio ao encontro e
celebrou as bodas com real magnificência.
59 O rei Alexandre escreveu também a Jônatas, para que viesse
procurá-lo,
60 e este se dirigiu a Ptolemaida, com pompa, onde encontrou os dois
reis. Ofereceu-lhes, como também a seus amigos, prata, ouro e
numerosos presentes e conquistou sua confiança inteiramente.
61 Todavia, alguns perversos de Israel reuniram-se contra ele e esses
ímpios quiseram acusá-lo, mas o rei não lhes deu atenção alguma.
62 Ordenou até mesmo que se tirassem as vestes de Jônatas, para
revesti-lo de púrpura, o que foi feito; e o rei fê-lo assentar-se junto de
si.
63 Disse também aos grandes de sua corte: Saí com ele para o meio da
cidade, e proclamai que ninguém o acuse por qualquer coisa que seja e
que ninguém o moleste de maneira alguma.
64 Quando seus acusadores o viram assim exaltado publicamente e
revestido de púrpura, fugiram.
65 Honrou-o o rei, inscreveu-o entre seus primeiros amigos e deu-lhe o
título de chefe do exército e de governador.
34
66 Após isto, regressou Jônatas a Jerusalém, tranqüilo e alegre.
67 No ano cento e sessenta e cinco, Demétrio, filho de Demétrio, voltou
de Creta à terra de seus pais.
68 Com essa notícia, Alexandre, muito contristado, partiu para
Antioquia.
69 Demétrio constituiu Apolônio como governador da Celesíria. Este
levantou um poderoso exército, que ele reuniu em Jânia, e mandou
avisar ao sumo sacerdote Jônatas:
70 Só tu nos resistes e, por causa de ti, eu me tornei objeto de
zombaria e de opróbrio. Por que te fazes de arrogante diante de nós, em
tuas montanhas?
71 Se tens ainda confiança em tuas tropas, desce agora das montanhas
a nós na planície, onde nos poderemos medir, porque tenho comigo a
força das cidades.
72 Informa-te e saberás quem sou eu e quais são os meus aliados.
Estes também dizem que não podereis manter-vos de pé diante de nós,
porque já duas vezes teus pais foram afugentados em sua própria terra.
73 Hoje não poderás mais resistir à nossa cavalaria e a um tal exército,
nesta planície, onde não há nem pedra nem rochedo nem esconderijo
algum para se refugiar.
74 Ouvindo estas palavras de Apolônio, indignou-se Jônatas; e,
tomando consigo dez mil homens, saiu de Jerusalém. Seu irmão Simão
trouxe-lhe reforço.
75 Veio acampar defronte de Jope que, possuindo uma guarnição de
Apolônio, fechou-lhe suas portas. Jônatas atacou-a.
76 Os habitantes, espantados, abriram-lhe as portas e assim Jônatas
conquistou Jope.
77 Sabendo Apolônio, pôs a caminho três mil cavaleiros e um poderoso
exército
78 e de lá dirigiu-se para Azot, como se fosse atravessá-la ao mesmo
tempo, ganhou a planície, porque possuía uma numerosa cavalaria, na
qual se fiava: Jônatas perseguiu-o até Azot e os dois exércitos
chocaram-se.
79 Apolônio havia deixado escondidos mil cavaleiros, para pegar os
judeus de emboscada.
80 Mas Jônatas foi informado da emboscada dirigida contra ele. Os
inimigos cercavam sua formação e, desde a manhã até o pôr-do-sol,
atacaram seus homens;
81 o povo permanecia firme em suas fileiras como Jônatas havia
ordenado, enquanto que os cavaleiros do inimigo se fatigavam.
82 Em seguida, Simão avançou com sua tropa e travou uma batalha
contra a falange, quando a cavalaria já estava enfraquecida; o inimigo,
aniquilado, foi posto em fuga.
83 Os cavaleiros se dispersaram pela planície, e os fugitivos alcançaram
35
Azot, onde se refugiaram no templo de Dagon, seu ídolo, para ali se
porem em segurança.
84 Jônatas incendiou Azot e todos os povoados das circunvizinhanças
depois de tê-los pilhado. Queimou o templo de Dagon com todos os que
estavam ali refugiados.
85 O número dos que pereceram pela espada ou pelo fogo foi cerca de
oito mil.
86 Jônatas partiu de lá e veio acampar diante de Ascalon, cujos
habitantes saíram-lhe ao encontro, rendendo-lhe grandes honras.
87 Em seguida, alcançou Jerusalém com seus companheiros, carregados
de espólios.
88 Quando o rei Alexandre soube desses acontecimentos, quis honrar
ainda mais Jônatas:
89 mandou-lhe uma fivela de ouro, como se concedia aos pais dos reis,
e deu-lhe como propriedade pessoal Acaron e seu território.
Capítulo 11
1 Ora, o rei do Egito reuniu um exército tão numeroso como a areia que
cobre a praia do mar, bem como uma considerável frota, e por astúcia
procurou apoderar-se do reino de Alexandre, para anexá-lo ao seu.
2 Chegou à Síria com palavras de paz; por isso os habitantes das
cidades lhe abriam suas portas e lhe vinham ao encontro, porque o rei
Alexandre havia mandado acolhê-lo, já que era seu sogro.
3 Mas Ptolomeu, logo que entrava numa cidade, deixava ali tropas para
assegurar-se dela.
4 Quando se aproximou de Azot, mostraram-lhe o templo de Dagon
destruído pelo fogo, Azot e os arrabaldes da cidade em ruínas, os
cadáveres jacentes por terra, e os restos calcinados daqueles que
haviam sido queimados na guerra, postos em montes sobre seu
caminho.
5 Acusaram igualmente Jônatas, contando ao rei tudo o que ele havia
feito, mas o rei guardou silêncio.
6 Jônatas veio-lhe ao encontro com pompa até Jope, onde se saudaram
mutuamente e passaram a noite.
7 Em seguida, Jônatas acompanhou o rei até o rio, chamado Eleutério, e
voltou a Jerusalém.
8 O rei Ptolomeu estabeleceu assim seu poderio sobre todas as cidades,
da costa até a cidade marítima de Selêucia, forjando maus desígnios
contra Alexandre.
9 Mandou dizer ao rei Demétrio: Vem, façamos juntos uma aliança e
dar-te-ei minha filha, a mulher de Alexandre, e tu reinarás sobre o reino
de teus pais.
36
10 Lamento com razão ter-lhe dado minha filha, porque ele procurou
matar-me.
11 E acusava-o assim porque cobiçava seu reino.
12 Retomou-lhe sua filha para dá-la a Demétrio, separando-se dele e
manifestando-lhe assim sua inimizade pública.
13 Ptolomeu entrou em Antioquia e cingiu-se com um duplo diadema: o
do Egito e o da Ásia.
14 Nesse ínterim, o rei Alexandre achava-se na Cilícia, cujos habitantes
se haviam revoltado;
15 mas, logo avisado, veio para travar o combate. Ptolomeu fez sair seu
exército, avançou com forças imponentes e o pôs em fuga.
16 Enquanto o rei Ptolomeu triunfava, Alexandre chegou à Arábia, para
procurar ali um asilo,
17 mas o árabe Zabdiel mandou cortar-lhe a cabeça e enviou-a ao rei
do Egito.
18 Ptolomeu morreu três dias depois, e as guarnições que ele havia
posto nas fortalezas foram massacradas pelos habitantes das cidades
vizinhas.
19 Demétrio começou a reinar pelo ano cento e sessenta e sete.
20 Nessa época, Jônatas convocou os homens da Judéia para apoderarse
da cidadela de Jerusalém e construiu, com esse intuito, numerosas
máquinas.
21 Imediatamente alguns ímpios, animados de ódio para com sua
própria nação, dirigiram-se ao rei e lhe contaram que Jônatas sitiava a
cidadela.
22 Com essa notícia, ele se irritou e, pondo-se logo a caminho, alcançou
Ptolemaida. De lá escreveu a Jônatas que não atacasse a cidadela e que
viesse ter com ele o mais depressa possível, para conferenciar com ele;
23 mas Jônatas, logo que recebeu a mensagem, deu ordem para
continuar o cerco e, escolhendo alguns dos mais antigos de Israel e
alguns sacerdotes, entregou-se ao perigo.
24 Levou consigo ouro, prata, vestes e inúmeros outros presentes e foi
a Ptolemaida encontrar-se com o rei, ante o qual encontrou graça.
25 Com efeito, ainda que alguns renegados de sua nação o
combatessem,
26 o rei tratou-o como o haviam feito seus predecessores, e o exaltou à
vista de seus cortesãos.
27 Confirmou-o no sumo sacerdócio e em todos os títulos que ele
possuía anteriormente, e o considerou como um de seus primeiros
amigos.
28 Jônatas pediu ao rei que lhe concedesse imunidade de impostos na
Judéia e nos três distritos da Samaria, prometendo-lhe em troca
trezentos talentos.
29 Consentiu o rei e escreveu a Jônatas sobre esse assunto uma carta
37
assim lavrada:
30 O rei Demétrio a seu irmão Jônatas e ao povo judeu, saúde!
31 Para vossa informação, enviamos também a vós uma cópia da carta
que escrevemos a vosso respeito a Lástenes, nosso parente:
32 O rei Demétrio a seu pai Lástenes, saúde!
33 Resolvemos fazer bem à nação dos judeus, nossos leais amigos, em
vista de seus bons sentimentos a nosso respeito.
34 Confirmamos-lhes, pois, a posse dos territórios da Judéia e dos três
distritos de Aferema, de Lida e Ramata, arrebatados da Samaria, para
serem anexados à Judéia; e todos os seus lucros pertencerão aos que
sacrificam em Jerusalém, em lugar do tributo que a cada ano o rei
cobrava dos frutos da terra e das árvores.
35 Desde agora, deixamos-lhes liberalmente tudo o que nos cabe do
dízimo e do imposto, a taxa das salinas e as coroas que nos eram
dadas.
36 Destas vontades nada será anulado, nem agora nem nunca.
37 Cuidai, pois, agora, de fazer uma cópia e entregai-a a Jônatas, para
que ela seja gravada e colocada na santa montanha.
38 Viu Demétrio que a terra estava silenciosa diante dele e que nada lhe
resistia; foi por isso que ele licenciou seu exército e mandou seus
soldados cada um para sua casa, com exceção das forças mercenárias
que ele havia recrutado nas ilhas estrangeiras. Com esta decisão, ele
desagradou todas as tropas de seus pais.
39 Todavia, Trifon, um antigo partidário de Alexandre, verificando que
todo o exército murmurava contra Demétrio, foi procurar Imalcué, o
árabe que educava Antíoco, o jovem filho de Alexandre.
40 Instou para que o entregasse, a fim de fazê-lo reinar em lugar de
seu pai, contando-lhe tudo o que fizera Demétrio e a hostilidade que seu
exército nutria contra ele. E lá se demorou muitos dias.
41 Nesse meio tempo, Jônatas mandou pedir ao rei Demétrio que
tirasse as tropas que se achavam na cidadela e nas fortalezas, porque
elas guerreavam contra Israel.
42 Demétrio mandou a Jônatas esta resposta: Não só farei isso por ti e
por teu povo, mas cumular-vos-ei de honra, a ti e a tua nação, assim
que tiver ocasião.
43 Agora farias bem em me enviar homens em meu socorro, porque
meus soldados me abandonaram.
44 No mesmo instante enviou Jônatas a Antioquia três mil homens
valorosos, que se ajuntaram ao rei, e este sentiu-se muito feliz com sua
chegada.
45 Com efeito, os habitantes da cidade se uniram, em número de
aproximadamente cento e vinte mil, com o intuito de matarem o rei.
46 Este refugiou-se no seu palácio e o povo, ocupando as ruas da
cidade, começou o assalto.
38
47 Então o rei chamou os judeus em seu auxílio, e todos se agruparam
ao redor dele; depois, espalharam-se pela cidade, matando nesse dia
cerca de cem mil homens.
48 Incendiaram a cidade, apoderaram-se nesse mesmo dia de um
numeroso espólio e salvaram o rei.
49 Os habitantes viram que os judeus faziam da cidade o que eles
queriam e perderam a coragem. Por isso ergueram deprecações ao rei:
50 Dai-nos a mão e que os judeus parem de combater, a nós e à cidade.
51 Lançaram, pois, suas armas e concluíram a paz, enquanto os judeus,
cobertos de glória diante do rei e dos súditos, voltaram a Jerusalém com
abundantes despojos.
52 Demétrio conservou seu trono e todo o país ficou tranqüilo diante
dele.
53 Todavia, ele desmentiu sua palavra, separou-se de Jônatas e não lhe
pagou mais benevolência com benevolência; ao contrário, tratou-o
muito mal.
54 Foi após esses acontecimentos que Trifon chegou com Antíoco, que,
apesar de jovem ainda, tomou o título de rei e cingiu-se com o diadema.
55 Todas as forças que Demétrio havia despedido agruparam-se ao
redor dele, para combater este último que virou as costas e fugiu.
56 Trifon apoderou-se dos elefantes e conquistou Antioquia.
57 O jovem Antíoco escreveu a Jônatas: Eu te confirmo no sumo
pontificado. Mantenho-te à frente dos quatro distritos e quero que
estejas entre os amigos do rei.
58 Mandou-lhe também vasos de ouro, utensílios, e concedeu-lhe
autorização de beber em copos de ouro, de vestir-se com púrpura, de
trazer uma fivela de ouro.
59 Constituiu também seu irmão Simão governador da região que se
estende da Escada de Tiro à fronteira do Egito.
60 Então Jônatas pôs-se em campanha, atravessou o país ao longo do
rio e percorreu as aldeias. As tropas sírias juntaram-se a ele para lutar a
seu lado, e chegou assim a Ascalon, cujos habitantes saíram todos
diante dele com sinais de honra.
61 De lá seguiu para Gaza, que lhe fechou suas portas; investiu contra
ela e pôs fogo aos arredores que pilhou.
62 Os habitantes de Gaza imploraram então a Jônatas, que lhes
estendeu a mão, mas tomou como reféns os filhos dos nobres e os
enviou a Jerusalém; em seguida atravessou o país até Damasco.
63 Soube Jônatas que os generais de Demétrio tinham chegado a
Cades, na Galiléia, com um forte exército, com a intenção de pôr fim à
sua atividade.
64 Foi contra eles e deixou na terra seu irmão Simão.
65 Este acampou ante Betsur, combateu por muito tempo e a sitiou.
66 Por fim, os habitantes pediram-lhe a paz. Ele concedeu-lha, mas os
39
expulsou da cidade, da qual se apoderou, para pôr ali uma guarnição.
67 Jônatas acampou com seu exército perto do lago de Genesar e, pela
manhã, muito cedo, penetrou na planície de Azor.
68 Logo o exército estrangeiro avançou contra ele na planície e pôs
emboscadas nas montanhas. Enquanto o exército marchava reto, para a
frente,
69 as tropas de emboscada saíram de seu esconderijo e travaram a
luta.
70 Todos os homens de Jônatas fugiram e não ficou nenhum com
exceção de Matatias, filho de Absalão, e de Judas, filho de Calfi, chefe
da milícia.
71 Jônatas rasgou suas vestes, cobriu a cabeça com pó, e rezou;
72 em seguida, retornou à luta e fez recuar e fugir o adversário.
73 Os seus que fugiam perceberam-no e, retornando para junto dele,
perseguiram com ele os inimigos até Cades e seu acampamento. Ali se
estabeleceram.
74 Naquele dia morreram cerca de três mil estrangeiros, e Jônatas
voltou a Jerusalém.
Capítulo 12
1 Jônatas aproveitou-se das circunstâncias favoráveis e escolheu alguns
homens, que enviou a confirmar e renovar a amizade com os romanos.
2 Com este mesmo objetivo enviou cartas também aos espartanos e a
outros países.
3 Os embaixadores chegaram a Roma e dirigiram-se ao Senado, onde
disseram: O sumo sacerdote Jônatas e o povo judeu enviaram-nos a vós
para a renovação da amizade e da aliança com eles como outrora.
4 E deram-lhes, para as autoridades locais, um salvo-conduto,
recomendando que os deixassem voltar sãos e salvos à Judéia.
5 Eis a cópia da carta que Jônatas escreveu aos espartanos:
6 Jônatas, sumo sacerdote, o conselho da nação, os sacerdotes e todo o
povo judeu, a seus irmãos espartanos, saúde!
7 Outrora, Onias, sumo sacerdote, recebeu de Areu, vosso rei, uma
mensagem em que se dizia que éreis nossos irmãos, como o comprova
a cópia, aqui anexa.
8 Onias acolheu o enviado com honra e aceitou a carta, na qual havia
referências à aliança e à amizade.
9 Por nosso lado, embora não tenhamos necessidade dessas vantagens,
tendo para nossa consolação os livros santos, que estão em nossas
mãos,
10 resolvemos renovar os laços de fraternidade e de amizade convosco,
com receio de que nos tornássemos estranhos a vós, porque já decorreu
40
muito tempo após vossa passagem junto a nós.
11 Sem cessar, em toda ocasião, nas grandes festas e em outros dias
solenes, nós nos lembramos de vós, nos sacrifícios que oferecemos e
nas nossas preces, como é justo e conveniente pensar nos irmãos.
12 Alegramo-nos com o que ouvimos dizer de vós.
13 Quanto a nós, vivemos entre tribulações e guerras incontáveis: todos
os reis que nos cercam nos têm combatido.
14 Em todas essas guerras não quisemos, todavia, ser pesados, nem a
vós, nem aos outros aliados e amigos,
15 porque temos por auxílio o socorro do céu; com isso pudemos
escapar aos nossos inimigos, os quais foram humilhados.
16 Escolhemos, pois, a Numênio, filho de Antíoco, e Antípatro, filho de
Jasão, e nós os enviamos a renovar, com os romanos, a amizade e a
aliança de outrora.
17 Do mesmo modo encarregamo-los de ir-vos saudar e de entregarvos,
de nossa parte, esta carta, que visa a reavivar nossa fraternidade.
18 Teríamos muito prazer em receber uma resposta vossa sobre esse
assunto.
19 Eis a cópia da carta enviada outrora:
20 Areu, rei dos espartanos, ao sumo sacerdote Onias, saúde!
21 Achou-se, num escrito sobre os espartanos e os judeus, que estes
povos são irmãos e descendem de Abraão.
22 Agora que sabemos isto, faríeis bem em nos escrever, se gozais de
paz;
23 nós também escrever-vos-emos. Vossos rebanhos e vossos haveres
são nossos e os nossos são vossos. Enviamo-vos esta mensagem para
que sejais informados disso.
24 Soube Jônatas que os generais de Demétrio haviam voltado com
tropas muito mais numerosas que anteriormente, para guerreá-lo.
25 Saiu, pois, ele de Jerusalém e foi ao seu encontro no país de Amatis,
sem lhes deixar tempo para invadir seu próprio país.
26 Mandou espiões ao acampamento dos inimigos; esses regressaram e
lhe contaram que os inimigos se preparavam para lançar-se sobre eles
durante a noite.
27 Ao pôr-do-sol, ordenou Jônatas aos seus que velassem e
empunhassem as armas, prontos para o combate, durante toda a noite,
enquanto ele postava sentinelas ao redor de todo o acampamento.
28 Ouvindo falar que Jônatas e seus soldados estavam prontos para o
combate, os inimigos ficaram tomados de sobressalto e de pavor, e
retiraram-se, acendendo fogueiras em seu acampamento.
29 Jônatas e seus companheiros viram queimar os fogos, e não
perceberam nada até de manhã;
30 puseram-se então a persegui-los, mas não os apanharam, porque
eles haviam atravessado o rio Eleutério.
41
31 Voltou-se então Jônatas contra os árabes, chamados zabadeus,
abateu-os e carregou seus despojos.
32 Em seguida, reuniu seu exército, alcançou Damasco e percorreu toda
aquela região.
33 Por seu lado, Simão investiu até Ascalon, e até as fortalezas vizinhas.
De lá dirigiu-se a Jope e ocupou-a,
34 porque ouvira falar que os habitantes tinham a intenção de entregar
a cidadela às tropas de Demétrio. Ele colocou, pois, ali, uma guarnição
para defendê-la.
35 De volta a Jerusalém, Jônatas convocou os anciãos do povo e tomou
com eles a decisão de edificar fortalezas na Judéia,
36 de erguer muralhas em Jerusalém, e de construir um muro elevado
entre a cidadela e a cidade, para separá-la desta, isolá-la
completamente e impedir que ali se vendesse ou comprasse alguma
coisa.
37 Formaram-se grupos para reconstruir a cidade, os quais ergueram de
novo o muro da torrente do lado leste, e restauraram a parte
cognominada Cafenata.
38 Simão edificou Adida, em Sefela, e a muniu de portas e ferrolhos.
39 No entanto, Trifon planejava reinar sobre a Ásia, tomar o diadema, e
levantar a mão contra o rei Antíoco.
40 Mas receava que Jônatas não o permitisse e combatesse seus
esforços; por isso, procurou apoderar-se dele, para dar-lhe um fim.
Partiu, pois, para Betsã.
41 Jônatas saiu ao seu encontro e atacou Betsã com um exército de
quarenta mil homens de escol.
42 Vendo que ele se aproximava com um numeroso exército, Trifon,
receou lançar-lhe a mão.
43 Recebeu-o com grande honra, apresentou-o a todos os seus amigos,
ofereceu-lhe presentes, e ordenou às suas tropas que lhe obedecessem,
como a ele mesmo.
44 Depois disse a Jônatas: Por que fatigaste todo este povo, uma vez
que não estamos em guerra?
45 Envia-os de volta a suas casas e escolhe alguns para ficarem contigo.
Após isso, acompanhar-me-ás a Ptolemaida e entregarte-ei a cidade,
todas as outras fortalezas, as outras tropas e todos os funcionários;
feito isto, retirar-me-ei, porque foi para isso que vim.
46 Jônatas confiou, fez o que ele dizia, e reenviou as tropas, que
regressaram à terra de Judá.
47 Reteve todavia três mil homens, dos quais enviou dois mil à Galiléia
e conservou consigo mil.
48 Mal penetrara Jônatas em Ptolemaida, os habitantes fecharam as
portas, prenderam-no, e passaram a fio da espada todos os que
estavam com ele.
42
49 Por sua vez, Trifon enviou à Galiléia e à grande planície um exército
e cavaleiros, para esmagar os que Jônatas para lá enviara.
50 Mas estes, ouvindo dizer que Jônatas fora morto com todos os seus
companheiros, encorajaram-se mutuamente e marcharam em boa
ordem, prontos para o combate.
51 Seus perseguidores viram que eles queriam defender sua vida, e
regressaram,
52 enquanto os judeus entravam de novo, sãos e salvos, na terra de
Judá. Choraram Jônatas e os seus e foram tomados de grande
inquietude, e todo o povo caiu na desolação.
53 Todos os povos circunvizinhos procuraram oprimi-los, dizendo entre
si:
54 Eles não têm ninguém para comandá-los nem para socorrê-los: é o
momento de atacá-los e destruir sua lembrança dentre os homens.
Capítulo 13
1 Simão foi informado de que Trifon havia organizado um poderoso
exército para vir à Judéia e devastá-la.
2 Vendo o povo amedrontado e espavorido, subiu a Jerusalém,
convocou a população
3 e dirigiu-lhe a palavra nestes termos: Vós mesmos sabeis bem o que
eu, meus irmãos e a casa de meu pai temos feito pelas leis e pelo
santuário, as guerras e as dificuldades que temos conhecido.
4 Foi assim que meus irmãos foram mortos pela causa de Israel e que
fiquei eu só.
5 Deus me guarde agora de poupar minha vida, quando o inimigo nos
oprime, porque não sou melhor que meus irmãos!
6 Por isso tirarei vingança de meu povo, do santuário, de vossas
mulheres e filhos, uma vez que todas as nações, por seu ódio, estão
coligadas para nos destruir.
7 A estas palavras, os ânimos inflamaram-se
8 e todos responderam, gritando: Tu és nosso chefe em lugar de Judas
e de Jônatas, teu irmão;
9 combate por nós e nós faremos tudo o que disseres.
10 Então Simão reuniu todos os que podiam lutar, apressou-se em
terminar os muros de Jerusalém e fortificou o recinto.
11 Enviou Jônatas, filho de Absalão, com consideráveis tropas a Jope.
Jônatas expulsou seus habitantes e instalou-se em seu lugar.
12 Todavia, Trifon saiu de Ptolemaida com um numeroso exército e se
dirigiu à Judéia. Trouxe consigo Jônatas, prisioneiro.
13 Simão acampou em Adida, defronte à planície.
14 Informado de que Simão havia ocupado o lugar de seu irmão Jônatas
43
e se aprontava para combatê-lo, Trifon enviou-lhe mensageiros, para
dizer-lhe:
15 Guardamos teu irmão por causa do dinheiro que ele deve ao tesouro
real em vista das funções que exercia.
16 Envia, pois, agora, cem talentos e, para que, uma vez livre, não
abandone nossa causa, manda também dois de seus filhos como reféns,
e nós o deixaremos ir.
17 Simão percebeu que essas palavras eram falazes, mas mandou
buscar o dinheiro e os filhos, com receio de cair na hostilidade do povo,
que poderia dizer:
18 Foi porque eu não mandei o dinheiro e os filhos, que o mataram.
19 Remeteu, pois, o dinheiro e os filhos, mas Trifon quebrou a palavra e
não libertou Jônatas.
20 Depois, pôs-se ele a caminho para entrar na Judéia e devastá-la,
fazendo um rodeio pelo caminho que conduz a Adora, mas Simão se
apresentava diante dele por toda parte aonde ele ia.
21 Por seu lado, os ocupantes da cidadela enviaram a Trifon mensageiro
pedindo-lhe que se apressasse a ir ter com eles pelo deserto e lhes
fornecesse víveres.
22 Trifon aprontou sua cavalaria para partir naquela mesma noite, mas
havia ali muita neve e ele não pôde encetar o caminho. Partiu, todavia,
e foi à região de Galaad.
23 Quando chegou perto de Bascama matou Jônatas e o sepultou;
24 em seguida, retrocedeu e voltou à sua terra.
25 Simão mandou recolher os restos de seu irmão Jônatas e os sepultou
em Modin, cidade de seus pais.
26 E todo o Israel chorou abundantemente e conservou o luto durante
muitos dias.
27 Sobre o túmulo de seu pai e de seus irmãos, Simão edificou um
monumento grandioso com pedras polidas, na frente e por trás.
28 Ergueu ali sete pirâmides uma diante da outra, para seu pai, sua
mãe e seus quatro irmãos.
29 Colocou nelas ornamentos e cercou-as com altas colunas, sobre as
quais, para eterna lembrança, colocou muitas armas e, junto a estas,
navios esculpidos, que podiam ser vistos por todos os que se achavam
no mar.
30 Tal foi a sepultura que ele construiu em Modin e que existe ainda
hoje.
31 Trifon, que servia o jovem rei Antíoco, com duplicidade, mandou
assassiná-lo,
32 reinou em seu lugar e usurpou o diadema da Ásia. Ele causou muito
mal ao país.
33 Simão reergueu as praças fortes da Judéia, muniu-as com torres
elevadas, com grandes muros, portas, ferrolhos, e as abarrotou de
44
víveres.
34 Escolheu mensageiros e enviou-os ao rei Demétrio, pedindo-lhe que
restabelecesse o país porque Trifon o havia submetido inteiramente à
pilhagem.
35 O rei Demétrio mandou-lhe sua resposta e escreveu-lhe nestes
termos:
36 O rei Demétrio a Simão, sumo sacerdote e amigo dos reis, aos
anciãos e ao povo judeu, saúde!
37 Recebemos a coroa de ouro e a palma que nos enviastes e estamos
dispostos a concluir convosco uma paz sólida, bem como a escrever aos
funcionários que vos dispensem dos impostos.
38 Tudo o que foi decidido em vosso favor está confirmado, e as
fortalezas que construístes são vossas.
39 Nós vos perdoamos todos os erros e as faltas cometidas até o dia de
hoje. Renunciamos à coroa que nos devíeis e, se existem ainda em
Jerusalém outras dívidas a pagar, não se paguem mais.
40 Finalmente, se existem entre vós alguns que sejam aptos a se
alistarem em nossa guarda, que eles o sejam e que a paz reine entre
nós.
41 Foi no ano cento e setenta que o jugo dos gentios foi afastado de
Israel,
42 e que o povo começou a datar os atos e os contratos do primeiro ano
de Simão, sumo sacerdote, chefe do exército e governador dos judeus.
43 Nessa época, Simão veio acampar diante de Gazara, a qual cercou.
Construiu uma máquina, levou-a contra a cidade, atacou uma torre e
apoderou-se dela.
44 Da máquina os soldados lançaram-se na cidade, causando ali uma
grande confusão,
45 de modo que os habitantes, com suas mulheres e seus filhos,
apareceram sobre os muros, rasgaram suas vestes e pediram com altos
brados a Simão que os poupasse.
46 Não nos trates conforme nossas maldades, diziam eles, mas segundo
a tua misericórdia.
47 Simão perdoou-os e não prosseguiu o combate. Não obstante
expulsou-os da cidade e mandou purificar todas as habitações onde se
achavam os ídolos; em seguida, fez sua entrada ao som de hinos e de
cânticos de louvor.
48 Fez desaparecer dali toda impureza e trouxe de volta os habitantes
fiéis à lei; fortificou-a e construiu para si mesmo uma morada.
49 Os ocupantes da cidadela de Jerusalém que não podiam sair para ir à
cidade comprar e vender, achavam-se numa grande miséria e um bom
número deles morreu de fome.
50 Suplicaram a Simão para que ele lhes estendesse a mão. Ele lhes
deu a mão, mas os expulsou de lá e purificou a cidadela de todas as
45
suas contaminações.
51 E entrou nela no dia vinte e três do segundo mês, no ano cento e
setenta e um, com cânticos e palmas, harpas, címbalos, liras, hinos e
louvores, porque um grande inimigo de Israel tinha sido aniquilado.
52 Ordenou também que esse dia fosse celebrado a cada ano com
regozijo.
53 Fortificou a montanha do templo do lado da cidadela e habitou ali
com os seus.
54 Em seguida, verificando que seu filho João se havia tornado um
homem, confiou-lhe o comando de todas as tropas e este residiu em
Gazara.
Capítulo 14
1 Pelo ano cento e setenta e dois, o rei Demétrio reuniu suas tropas e
penetrou na Média, para aí organizar um exército de socorro na sua luta
contra Trifon.
2 Mas Arsaces, rei da Pérsia e da Média, informado de que Demétrio
havia entrado no seu território, enviou um de seus generais para pegálo
vivo.
3 Partiu, pois, este, desbaratou o exército de Demétrio e apoderou-se
de sua pessoa. Enviou-o a Arsaces, e este o encarcerou.
4 Na Judéia reinou a paz, enquanto viveu Simão. Procurou o bem-estar
de seu povo, e este se agradou do seu poder e reputação.
5 Com toda a glória que adquiriu, tomou Jope como porto e construiu
um acesso para as ilhas do mar.
6 Alargou as fronteiras de seu povo e estendeu sua autoridade sobre
todo o país.
7 Repatriou muitos dos judeus prisioneiros do estrangeiro, apoderou-se
de Gazara, de Betsur e da cidadela de Jerusalém, que purificou de suas
manchas, e ninguém ousava opor-lhe resistência.
8 Os que cultivavam a terra trabalhavam em paz; o solo dava suas
colheitas e as árvores dos campos, seus frutos.
9 Os velhos assentavam-se nas praças públicas e entretinham-se com o
bem comum; os jovens revestiam-se com troféus e com equipamentos
de guerra.
10 Simão forneceu víveres às cidades e tomou resoluções para edificar
praças fortes, de modo que em toda parte, até as extremidades da
terra, celebrava-se seu nome.
11 Estabeleceu a paz em seu país, e todo o Israel exultava de alegria.
12 Cada um podia assentar-se sob sua parreira ou figueira sem recear o
inimigo.
13 Não houve ninguém para atacá-los, e os reis, nessa época, foram
46
abatidos.
14 Protegeu os humildes entre seu povo, zelou pela lei e exterminou os
ímpios e os perversos.
15 Contribuiu para o esplendor do templo e enriqueceu o tesouro.
16 A morte de Jônatas foi bem depressa conhecida em Roma e até em
Esparta, provocando grandes pesares.
17 Mas, logo que os romanos e os espartanos souberam que seu irmão
Simão se tinha tornado sumo sacerdote em seu lugar e governava o
país com as cidades que ali se achavam,
18 escreveram-lhe em tabuletas de bronze para renovar a amizade e a
aliança, outrora concluída com seus irmãos Judas e Jônatas.
19 Essas mensagens foram lidas diante da assembléia em Jerusalém e
eis a cópia daquela que enviaram os espartanos:
20 Os arcontes da cidade de Esparta ao sumo sacerdote Simão, aos
anciãos, aos sacerdotes e ao povo judeu, seu irmão, saúde!
21 Os mensageiros que enviastes ao nosso povo contaram-nos vossa
celebridade e glória, e nós nos regozijamos com sua chegada.
22 Nós consignamos, como segue, a proposta que eles fizeram às
deliberações do povo: Numênio, filho de Antíoco, e Antípatro, filho de
Jasão, vieram a nós, da parte dos judeus, para renovar sua amizade
conosco.
23 Pareceu bem ao povo recebê-los com honra e depositar uma cópia de
suas palavras nos arquivos públicos, para que ficasse na memória do
povo de Esparta; e sobre isso enviamos um cópia a Simão, sumo
sacerdote.
24 Em seguida, Simão enviou Numênio a Roma, com um grande escudo
de ouro, que pesava mil minas, para confirmação da aliança com os
romanos.
25 Quando o povo foi informado disso tudo, disse: Que sinal de
reconhecimento daremos a Simão e a seus filhos?
26 Ele mesmo, seus irmãos e a casa de seu pai mostraram-se valorosos,
venceram os inimigos de Israel e asseguraram-lhe a liberdade.
Gravaram, pois, uma inscrição em tábuas de bronze e colocaram-nas
entre as estelas conservadas no monte Sião.
27 Eis a cópia dessa inscrição: No dia dezoito do mês de Elul, do ano
cento e setenta e dois, o terceiro ano do pontificado de Simão, em
Asaramel,
28 na grande assembléia dos sacerdotes, do povo, dos chefes da nação
e dos anciãos do país, foi declarado isto: No momento em que as
guerras renasciam sem cessar no país,
29 Simão filho de Matatias, descendente de Jarib, e seus irmãos,
expuseram-se ao perigo e resistiram aos inimigos de sua raça, para
salvar o templo e a lei, levando seu povo a uma grande glória.
30 Jônatas reuniu seu povo e tornou-se o sumo sacerdote; depois foi
47
juntar-se aos seus mortos.
31 Os inimigos quiseram invadir o país para devastá-lo e lançar a mão
sobre os lugares santos,
32 mas então se levantou Simão. Combateu por sua nação, distribuiu
uma grande parte de seus bens para armar os homens de seu exército e
pagar seu soldo.
33 Fortificou as cidades da Judéia: Betsur, que se acha na fronteira,
outrora arsenal do inimigo, onde ele estabeleceu uma guarnição judia;
34 Jope, que se acha na costa; Gazara, na região de Azot, outrora
povoada de inimigos, que ele substituiu por judeus. E muniu todas estas
cidades com o que era necessário para sua defesa.
35 O povo viu o procedimento de Simão e a glória que ele queria
adquirir para a sua raça; escolheu-o para chefe e sumo sacerdote, por
causa de tudo o que ele havia efetuado, pela justiça e fidelidade que
guardou à sua pátria e porque procurava de todo modo exaltá-la.
36 Sob sua autoridade o povo tinha chegado a rechaçar os gentios de
seu território e a expulsar os ocupantes da cidade de Davi em
Jerusalém, lugar no qual haviam estabelecido uma cidadela e da qual
saíam para manchar os acessos do templo e profanar gravemente a
santidade.
37 Simão colocou ali uma guarnição judia, fortificou-a para proteger o
país e a cidade, e ergueu os muros de Jerusalém.
38 Depois disso o rei Demétrio confirmou Simão no cargo de sumo
sacerdote,
39 contou-o no número de seus amigos e demonstrou-lhe uma grande
consideração.
40 Com efeito, ele soube que os romanos davam aos judeus o nome de
irmãos, de amigos e de aliados e que haviam recebido com honras os
enviados de Simão.
41 Soube também que os judeus e seus sacerdotes haviam consentido
que Simão se tornasse seu chefe e sumo sacerdote, perpetuamente, até
a vinda de um profeta fiel,
42 que tomasse o comando do exército, cuidasse do culto, designasse
superintendentes para os trabalhos, as regiões, os armamentos e as
fortificações;
43 que se ocupasse do culto e fosse obedecido por todos; que, no país,
todos os atos fossem escritos em seu nome; e que andasse vestido de
púrpura e trouxesse fivelas de ouro.
44 Não seria permitido a ninguém do povo ou dos sacerdotes rejeitar
uma só de suas disposições, contradizer suas ordens, convocar uma
assembléia no país sem o seu assentimento, vestir-se com púrpura ou
usar uma fivela de ouro.
45 Quem quer que agisse contra essas decisões ou violasse uma, seria
culpado.
48
46 Aprouve ao povo permitir a Simão agir conforme essas disposições.
47 Simão aceitou. Prontificou-se a ser sumo pontífice, chefe do exército,
governador dos judeus e dos sacerdotes e exercer autoridade sobre
todos.
48 Foi ordenado que essa inscrição fosse gravada em tábuas de bronze
e colocada num lugar visível da galeria do templo,
49 ao passo que uma cópia seria depositada na sala do tesouro, à
disposição de Simão e de seus filhos.
Capítulo 15
1 Antíoco, filho de Demétrio, escreveu das ilhas do mar a Simão,
sacerdote e chefe dos judeus, e a todo o povo.
2 Dizia assim sua carta: O rei Antíoco a Simão, sumo sacerdote e
príncipe, e ao povo judeu, saúde!
3 Perversos apoderaram-se do reino de meus pais, mas quero recobrálo
e restabelecê-lo como foi outrora: organizei, pois, um poderoso
exército e aluguei navios de guerra,
4 e pretendo penetrar no país, para vingar-me daqueles que o
devastaram e assolaram inúmeras cidades.
5 Pela presente carta, confirmo-te todas as imunidades conferidas por
meus reais predecessores, e todas as dádivas que eles te fizeram.
6 Dou-te a permissão de cunhar uma moeda especial para teu país.
7 Que Jerusalém e os lugares santos gozem de liberdade! Todos os
armamentos que mandaste fazer e todas as fortalezas que construíste e
que estão em teu poder, podes guardá-las.
8 Que te sejam perdoadas, desde agora e para sempre, as dívidas que
deves ou deverás ao tesouro real.
9 Quando nós tivermos entrado na posse do nosso reino, cumular-teemos
com grandes honras, a ti, a teu povo, e ao templo, de maneira
que vossa reputação fique célebre em toda a terra.
10 No ano cento e setenta e quatro, entrou Antíoco no reino de seus
pais, e todas as tropas se ajuntaram a ele, de modo que foram poucos
os que ficaram com Trifon.
11 Este, perseguido por Antíoco, foi refugiar-se em Dora, porto da
costa,
12 porque sabia que o mal o ia atingindo e que seu exército o
abandonava.
13 Antíoco cercou Dora com cento e vinte mil homens e oito mil
cavaleiros.
14 Cercou a cidade e seus navios aproximaram-se, formando assim o
bloqueio por terra e por mar sem deixar ninguém sair ou entrar.
15 Nessa ocasião, Numênio e seus companheiros voltaram de Roma
49
com cartas dirigidas aos reis e aos povos. Eis o conteúdo:
16 Lúcio, cônsul romano ao rei Ptolomeu, saúde!
17 Os embaixadores enviados por Simão, sumo sacerdote, e pelo povo
judeu, como amigos e aliados vieram a nós para renovar a amizade e a
aliança de outrora.
18 Trouxeram eles um escudo de ouro de mil minas.
19 Nós resolvemos então pedir aos reis e aos países, que não lhes
causem mal, nem lhes façam guerra, a eles, às suas cidades, e aos seus
campos, e nem se aliem a seus inimigos.
20 Aprouve-nos aceitar seu escudo.
21 Se judeus apóstatas se refugiaram junto a vós, entregai-os ao sumo
sacerdote Simão, para que ele os castigue segundo sua lei.
22 A mesma carta foi enviada ao rei Demétrio, a Átalo, a Ariarates, a
Arsaces
23 e a todos os países: a Sampsamo, aos espartanos, a Delos, a Mindo,
à Siciônia, à Cária, a Samos, à Panfília, à Lícia, a Halicarnasso, a Rodes,
a Fasélides, a Cós, a Siden, a Arado, a Gortine, a Gnido, a Chipre e a
Cirene.
24 A cópia dela foi enviada ao sumo sacerdote, Simão.
25 O rei Antíoco continuava o cerco de Dora, oprimindo-a de todos os
lados, construindo máquinas, e encerrando Trifon, de maneira que ele
não pudesse mais sair nem entrar.
26 Por sua vez, enviou Simão dez mil homens de escol para combater
ao lado dele, além de prata, ouro e muitos equipamentos.
27 Mas o rei não quis aceitá-los; retirou o que lhe havia concedido a
princípio e tornou-se-lhe hostil.
28 Enviou-lhe um de seus amigos, Atenóbio, para comunicar-lhe
isso:Vós ocupastes Jope e Gazara, cidades de meu reino, como também
a cidadela de Jerusalém.
29 Assolastes o território, devastastes gravemente o país e vos
apoderastes de numerosas localidades de meu reino.
30 Entregai agora as cidades das quais vos haveis apoderado e os
tributos das regiões que conquistastes fora das fronteiras da Judéia;
31 senão, retribuí em troca quinhentos talentos de prata e quinhentos
outros talentos pelas perdas causadas e pelas rendas das cidades; do
contrário, iremos guerrear-vos.
32 Atenóbio, amigo do rei, chegou então a Jerusalém; viu as honras
prestadas a Simão, o armário com as taças de ouro e prata, sua
habitação faustosa, e ficou maravilhado. Referiu, todavia, as palavras do
rei,
33 e Simão respondeu: Não foi uma terra estrangeira que
conquistamos, nem a propriedade de outrem que conservamos, mas
somente a herança de nossos pais, injustamente usurpada, durante
algum tempo, por nossos inimigos.
50
34 Chegou a hora para nós de a reivindicarmos.
35 Pelo que toca a Jope e a Gazara, que tu reclamas, e que fizeram
tanto mal ao nosso povo, devastando o país, nós te concedemos cem
talentos. Atenóbio nada respondeu,
36 mas voltou cheio de ira para junto do rei, repetindo-lhe essa
resposta e contando-lhe o fausto de Simão, bem como tudo o que vira,
e isso levou o rei a uma grande ira.
37 Por esse tempo, Trifon fugia em navio para Ortósia.
38 O rei nomeou então Cendebeu comandante da costa, e entregou-lhe
tropas de infantaria e cavalaria;
39 encarregou-o de atacar a Judéia, deu-lhe ordens de reconstruir
Cedron, de fortificar os acessos e de atacar o povo judeu, enquanto ele
mesmo perseguiria Trifon.
40 Chegado a Jânia, Cendebeu começou a importunar o povo judeu, a
realizar incursões na Judéia, a fazer um grande número de prisioneiros e
a massacrar os habitantes. Construiu Cedron
41 e colocou ali infantes e cavaleiros com a ordem de realizar investidas
e de infestar os caminhos da Judéia, como lhe ordenara o rei.
Capítulo 16
1 Subindo de Gazara a Jerusalém, veio João anunciar a seu pai os atos
de Cendebeu;
2 mandou então Simão vir seus dois filhos mais velhos, João e Judas, e
lhes disse: Eu, meus irmãos e a casa de meu pai temos resistido aos
inimigos de Israel desde nossa juventude até o dia de hoje, e, muitas
vezes, conseguimos libertar a nação.
3 Mas já estou velho, enquanto que vós, graças a Deus, tendes a idade
necessária. Tomai, pois, o meu lugar e o de meu irmão; ide combater
por nossa raça, e que o socorro do céu esteja convosco.
4 João recrutou no país vinte mil combatentes e cavaleiros. Foram eles
contra Cendebeu e acamparam em Modin.
5 Levantaram-se ao romper da aurora, avançaram pela planície, e eis
que um exército numeroso de infantes e de cavaleiros apareceu diante
deles, estando separado apenas por uma torrente.
6 João dispôs seus homens diante do inimigo, mas, verificando que eles
temiam passar a torrente, atravessou-a por primeiro e, a exemplo dele,
todos atravessaram em seguida.
7 Dividiu seu exército e colocou os cavaleiros entre os infantes, porque a
cavalaria inimiga era numerosa.
8 Fizeram soar as trombetas sagradas. Cendebeu e seu exército foram
derrotados; muitos dentre os seus caíram sob os golpes e o restante
fugiu para a fortaleza.
51
9 Judas, irmão de João foi ferido, mas João perseguiu o inimigo até
Cedron, construída por ele.
10 Muitos fugiram para as torres construídas no campo de Azot, mas ele
incendiou-as e pereceram cerca de dois mil homens. Após isso, João
voltou em paz para a Judéia.
11 Ptolomeu, filho de Abub, havia sido nomeado comandante da planície
de Jericó. Possuía muito ouro e prata,
12 porque era genro do sumo sacerdote.
13 Seu coração ensoberbeceu-se, e ele resolveu tornar-se senhor do
país; maquinou pois uma traição contra Simão e seus filhos, para livrarse
deles.
14 Ora, no undécimo mês, isto é, no mês de Sabat do ano cento e
setenta e sete, quando ele percorria as cidades do país, para cuidar de
seus interesses, Simão desceu a Jericó com seus filhos Matatias e Judas.
15 O filho de Abub recebeu-o dolosamente no forte de Doc, que tinha
construído, e onde ele havia ocultado seus homens. Deu um grande
banquete
16 e, quando Simão e seus filhos ficaram ébrios, Ptolomeu e seus
companheiros ergueram-se, tomaram suas armas e lançaram-se sobre
Simão, na sala do banquete. Mataram-no como também seus dois filhos
e alguns dos seus servidores.
l7 Isso foi uma grande perfídia cometida em Israel: e pagou-se o bem
com o mal.
18 Ptolomeu escreveu ao rei para informá-lo, pedindo-lhe que lhe
enviasse tropas de socorro e lhe cedesse a região e as cidades.
19 Mandou outros a Gazara, com a missão de matar João; convocou
através de cartas os chefes do exército, para entregar-lhes prata, ouro e
presentes;
20 e enviou outros emissários a conquistar Jerusalém e a montanha
santa.
21 Mas, antecipando-os, alguém veio a Gazara avisar João de que seu
pai e seus irmãos haviam perecido e que haviam enviado assassinos
para matá-lo.
22 Com essa notícia ficou espavorido, mas mandou prender aqueles que
vinham matá-lo, e os exterminou, sabendo perfeitamente que tinham a
intenção de assassiná-lo.
23 As outras palavras de João, suas guerras e os seus feitos que
realizou com valentia, como construiu as muralhas,
24 tudo isso está narrado nos anais de seu pontificado, desde o
momento em que ele se tornou sumo sacerdote depois de seu pai

Nota: Se observar-mos atentamente, veremos que este livro foi abolido por questões de Segurança Nacional; ou seja o Vaticano atual detentor das escritas mais antigas da biblia tete-a-te com os Judeus, já existia desde os primórdios, sendo é claro batizado por outro nome(Concílios). O dominío de Roma e Grécia levaram os Judéus a submissão social, deste modo, podemos concluír que táis dominíos não poderiam permitir em sã conciência que relatos tão afirmadores do mal causado por esses domínios aos Judeus, circulassem livremente causando posteriormente, possíveis rebeliões!